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27 de ago. de 2015

Três meses após crime, Castelo do PI mantém clima de comoção e medo

O município de Castelo do Piauí, no Norte do estado, há três meses perdeu o status de cidade pacata para tornar-se o município palco de um dos crimes mais bárbaros já cometidos no estado. No dia 27 de maio deste ano, quatro garotas foram violentadas e jogadas do alto de um penhasco de cerca 10 metros, uma das vítimas morreu. Passados 90 dias, o G1 retornou à Castelo do Piauí para saber o que mudou.
 TRAGÉDIA NO PIAUÍ
Estupro de 4 adolescentes choca cidade Em relação ao número de homens da Polícia Militar que atuam na cidade, a situação continua precária. Apenas três militares são responsáveis pela segurança de uma população estimada em 18.466 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A atmosfera em Castelo ainda é de comoção pelas vítimas e medo diante a falta de segurança. Segundo a Polícia Civil, nos meses de junho e julho, foram registrados 22 furtos. O balanço do mês de agosto ainda não foi fechado, mas no início deste mês um arrombamento aos caixas eletrônicos do Banco do Brasil causou pânico entre os moradores.
Segundo a polícia, cinco homens armados assaltaram a agência e usaram material explosivo para arrombar os caixas eletrônicos do local. Após o crime, a cidade recebeu reforço de policiais, mas de acordo com um PM, estes homens ficarão em Castelo somente até o dia 10 de setembro, depois desta data eles retornarão para seus batalhões de origem em Teresina.
“Os militares que trocaram tiros com os bandidos por pouco não morreram. Imagina, uma pessoa armada com uma pistola ponto 40 trocando tiros com outra que usava um fuzil? Este tipo de arma que alcança longas distâncias chegou somente depois desse crime”, revelou o militar que pediu para não ser identificado.Policiamento foi reforçado nas imediações do Fórum onde testemunhas serão ouvidas (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
O policial diz ainda que o reforço foi solicitado por conta do arrombamento do banco e porque no início do mês de setembro acontecerá um festival na cidade. “Por enquanto, somos sete militares, contudo está previsto a transferência de mais 15 homens. Só que eles ficam na cidade somente até o dia 10 de setembro, depois desta data termina o festival e retornaremos para nossas casas. Lamento, porque o efetivo vai continuar com apenas três policiais”, declarou.Delegado Laércio Evangelista falou sobre o resultado dos exames de DNA (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
Uma comerciante reclamou da ausência de policiais. Ela denuncia que até mesmo um boletim de ocorrência não conseguiu registrar na delegacia da cidade. “Há 15 dias, um bêbado ameaçou quebrar a vidraçaria de minha loja. Liguei para a polícia, que nunca apareceu. Foi preciso meu genro travar uma luta com o homem para conseguir imobilizá-lo. Fomos para a delegacia e não encontramos nenhum agente”, disse a empresária.
G1 esteve na delegacia e encontrou de plantão somente um agente e um escrivão. O delegado responsável por Castelo do Piauí, não estava, pois ele atende pelo menos outros dez municípios vizinhos.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública foi procurada pela reportagem, mas até a publicação nenhum posicionamento foi enviado.
Rotina das vítimasO estupro coletivo em Castelo deixou marcas que dificilmente serão esquecidas, porém as vítimas tentam seguir com a vida do ponto onde haviam parado. Para a polícia e o Ministério Público, quatro garotos e um traficante são os responsáveis pelas atrocidades cometidas que resultaram namorte de Danielly Rodrigues, 17 anos, dez dias após o crime. As outras vítimas ficaram internadas no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), receberam cuidados médicos e tiveram alta.Vítima de estupro coletivo retornou às aulas no colégio em Castelo do Piauí (Foto: Catarina Costa / G1)
Uma das três sobreviventes do estupro coletivo retornou às aulas no início do mês de agosto, na Unidade Estadual Francisco Sales Martins. Após o crime, a menina passou dois meses sem frequentar a escola e foi recebida com flores e festa. De acordo com a direção da escola, a garota irá prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em outubro.
Lucineide Silva, diretora da escola, falou que as outras vítimas permanecem em Teresina, sendo que uma delas pediu transferência e vai estudar na capital. A informação foi confirmada pelo pai de uma das jovens. “Ela está bem. Durante a recuperação decidimos que ela ficaria com a mãe. Ela sempre quis estudar em Teresina e agora resolvemos que será bom ela ficar por lá. Sinto falta dela em casa, mas é preciso se afastar daqui para superar este trauma”, afirmou o pai de uma das vítimas.
Uma das meninas, a que sofreu traumatismo craniano, está tendo acompanhamento escolar em domicílio. Segundo relato de familiares, as vítimas aos poucos voltam a sonhar com os planos feitos antes do crime.“Ela não fica se reclamando do que aconteceu. Também pouco fala sobre este dia trágico. O que realmente deseja é fazer o Enem, passar em uma universidade e voltar a frequentar o grupo de jovens”, afirmou a tia de uma das garotas.
Ministério Público investiga militarUm policial militar está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual por suspeita de envolvimento no crime. A Corregedoria da Polícia Militar também abriu um procedimento administrativo para investigar a possível influência no agenciamento de jovens infratores a cometer pequenos delitos em áreas onde sua empresa de segurança particular não atuava. O policial foi afastado do 15º Batalhão.
O promotor Cesário Cavalcante lembrou que o policial militar foi citado pelos três coautores do estupro durante audiência, por supostamente ter pago R$ 2,5 mil para Gleison Vieira da Silva acusar os outros menores. A denúncia teria motivado a morte do adolescente no Centro Educacional Masculino (CEM).
No início do mês, quando o PM foi afastado pela Corregedoria, o promotor Cesário disse que a denúncia contra o PM apareceu durante a elaboração do processo, mas que essa tese não tinha consistência.Subcomandante revelou acusações contra PM citado no caso de Castelo (Foto: Reprodução/Tv Clube)
"Na documentação da Defensoria Pública consta que essa empresa de segurança pertence ao policial e ele teria orientado jovens infratores a cometer furtos, arrombamentos e pequenos roubos para, dessa forma, conseguir novos contratos para fazer vigilância noturna", revelou o subcomandante da PM, Lindomar Castilho.
O advogado Anderson Cleber Sousa, que faz a defesa do policial militar, informou que somente irá se posicionar sobre as acusações após o fim do inquérito administrativo.
Em entrevista concedida ao G1, anteriormente, Anderson Sousa, já havia afirmado que que seu cliente era inocente e que não existia nada que o ligasse ao estupro coletivo. “O Ministério Público denunciou e a Justiça sentenciou os jovens pelo crime. O que existe são boatos, então, não tem nada que vincule esse policial a esse fato que a imprensa está colocando”, disse.
Participação dos menoresApós a Defensoria Pública afirmar que os três jovens condenados pelo estupro coletivo em Castelo do Piauí não estavam no local do crime, a delegada AnaMelka Cadena, titular da Delegacia da Mulher da Zona Sudeste de Teresina, afirmou não ter dúvidas quanto à participação dos adolescentes no ato.
“A Polícia Civil trabalha com responsabilidade. Juntamos todos os elementos que foram levantados, identificamos a participação dos quatro, apresentamos o indiciamento ao Ministério Público e a Justiça condenou esses adolescentes”, contou em entrevista para TV Clube.
Garotos internados e suspeito presoO traficante Adão José de Sousa, 40 anos, foi preso cinco dias depois do crime e segue detido na Casa de Detenção Provisória de Altos, enquanto espera o dia do julgamento. Já os quatro garotos foram condenados pelo crime, no dia 9 de julho, a três anos de internação no Centro de Educação Masculino (CEM) pelos atos infracionais equivalentes aos seguintes crimes: prática de quatro estupros, três tentativas de homicídio e um homicídio.
Sete dias após a divulgação da sentença, Gleison Vieira da Silva, 17 anos, foi espancado até a morte dentro da cela do CEM. Os outros três menores coautores dos estupros, que estavam no mesmo alojamento da vítima, assumiram o assassinato.

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