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9 de jan. de 2021

Monge budista é considerado por cientistas o homem mais feliz do mundo


Há anos que os cientistas da Universidade de Wisconsin, nos EUA, estudam o cérebro de Matthieu Ricard, doutor em biologia molecular, monge budista do mosteiro Shechen Tennyi Dargyeling, no Nepal, e assessor pessoal do Dalai Lama, assim como seu intérprete. E estão absolutamente fascinados com a mente deste francês de 74 anos. Os pesquisadores submeteram o cérebro de Ricard a ressonâncias magnéticas nucleares constantes com duração de até três horas.

Eles chegaram a conectar 256 sensores na cabeça dele para detectar seu nível de estresse, irritabilidade, aborrecimento, prazer, satisfação e dezenas de outras sensações diferentes. E fizeram o mesmo com centenas de voluntários.

Os resultados obtidos mediram o nível de felicidade de cada participante em uma escala de 0,3 (muito infeliz) a -0,3 (muito feliz).

Matthieu Ricard alcançou nada menos que -0,45, superando não apenas todos os outros participantes, mas também os próprios limites estabelecidos pelo estudo. A partir daí, ele foi declarado "o homem mais feliz do mundo".


A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, conversou com Ricard sobre tudo isso. Confira a entrevista:

Foto: Getty Images


BBC News Mundo - Você foi declarado "o homem mais feliz do mundo". Como você se sente com esse título?

Matthieu Ricard - Pense por cinco segundos: como alguém pode saber o nível de felicidade de 7 bilhões de seres humanos? Não faz sentido, certamente não do ponto de vista científico. Tudo começou com um artigo em um jornal britânico que, com base em uma pesquisa realizada no laboratório de neurociência de Richard Davidson em Wisconsin, mostrou que pessoas que, assim como eu, passaram muito tempo meditando (havia 15 entre as que participaram do estudo) apresentaram ao meditar uma magnitude de ativação em certas áreas do cérebro sobre compaixão (e não felicidade!) mais alta do que havia sido detectado até então na neurociência. Então está mais para a "maior piada do mundo", mas isso continua vindo à tona indefinidamente.

BBC News Mundo - O que é felicidade para você?

Ricard - A felicidade não é simplesmente uma sucessão interminável de sensações prazerosas, o que parece mais uma receita para a exaustão. Está mais para uma forma ideal de ser que resulta do cultivo de muitas qualidades fundamentais, como altruísmo, compaixão, liberdade interior, resiliência, equilíbrio emocional, equilíbrio interior, paz interior e outras. Diferentemente do prazer, todas essas qualidades são habilidades que podem ser cultivadas por meio da prática e do treinamento de nossa mente.

BBC News Mundo - Você se considera um homem feliz?


Ricard - Bom, mesmo que eu não seja a "pessoa mais feliz do mundo", pelos motivos que acabei de explicar, também não posso dizer que sou infeliz. Tive uma vida maravilhosa, graças a conhecer homens e mulheres sábios, meus professores espirituais. Também estou bem porque me sinto satisfeito facilmente com muito pouco. Doei todo dinheiro arrecadado com meus livros e fotografias a causas humanitárias. Há 20 anos, fundei uma organização humanitária, a Karuna-Shechen, que agora ajuda mais de 300 mil pessoas todos os anos nas áreas de saúde, educação e serviços sociais, sobretudo na Índia, Nepal e Tibete, e em breve também na França. E esse é um grande motivo de satisfação. Graças à minha prática espiritual, pessoalmente disfruto de cada momento da vida e tento servir aos outros.

BBC News Mundo - E qual é o segredo da felicidade?

Ricard - Altruísmo e compaixão. A busca da felicidade egoísta não funciona, é uma situação em que todos perdem. Você torna sua própria vida miserável, enquanto torna a vida dos outros miserável. Em contrapartida, o altruísmo é uma situação em que todos ganham. O objetivo é levar felicidade aos outros e remediar seu sofrimento e, como bônus, a pessoa sente grande felicidade por ser gentil e benevolente.

Foto: Getty Images

BBC News Mundo - Você é celibatário, não faz sexo desde os 30 anos, e não tem dinheiro, tudo o que ganha doa para obras de caridade. Sexo e dinheiro são os dois símbolos mais proeminentes da cultura moderna. O que há de errado com eles?

Ricard - Não há nada errado. Não é o desejo como tal e a riqueza que causam sofrimento, mas nosso apego a eles. No momento em que o apego, o apego e a obsessão se instalam, você pode ter certeza de que o tormento virá. O problema é se apegar, ficamos viciados.

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