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12 de jan. de 2021

O mundo pega fogo, e achamos que nada temos com isso



O mundo está pegando fogo. Florestas em muitas partes do mundo, em todos os continentes, estão em chamas, causando crescente emissão de CO2 (dióxido de carbono), contribuindo diretamente para elevação do aquecimento global e um preocupante desequilíbrio ecológico que, dependendo do ecossistema atingido, pode ocasionar intensos desastres, e até catástrofes, como terremotos, tsunamis, furacões, dilúvios e erupções vulcânicas.

A natureza, para viver em sintonia e servir ao homem e todos os outros seres vivos, necessita de um equilíbrio entre todos os seus componentes, chamado de ecossistema, com uma troca harmoniosa entre todos os elementos que o compõem. Além do aquecimento e da possbilidade de tragédias naturais que esse desequilíbrio provoca, o ser humano fica cada vez mais exposto a condições adversas, com uma poluição ambiental crescente, capaz de por si só ocasionar inúmeras doenças e afetar a qualidade dos alimentos e da água que consumimos.

Quase que diariamente nossos olhos são tomados por imagens deprimentes de magníficos ambientes naturais sob chamas, com a queimada indiscriminada da vegetação nativa e a morte massiva de animais de todas as espécies.


Neste ano, ao redor do mundo, quatro importantes áreas registram os maiores incêndios já vistos e documentados, desde que esses sistemas de captação e fornecimento de dados começaram a operar e nos dar clareza sobre a realidade desses ambientes. Cientistas alertam o mundo, de que esses incêndios ora capturados são os maiores em escala e emissões estimadas por quase duas décadas, mais precisamente nos últimos 18 anos.



Imagens da Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos), e do Sistema Corpenicus, da União Europeia, revelam que os incêndios em Nova Gales do Sul (Austrália), no Ártico Siberiano, na costa oeste dos EUA e no Pantanal brasileiro estão sendo os maiores incêndios florestais globais compilados por essas organizações.

Isso é profundamente grave, considerando, por exemplo a Amazônia- também drasticamente afetada por incêndios e pela atuação de garimpos ilegais-, por ser esse ambiente um reservatório de carbono vital, sendo capaz de diminuir o ritmo do aquecimento global. É a Amazônia, mais do que isso, o lar de cerca de 3 milhões de espécies de plantas e animais, e lugar onde vivem mais de 1 milhão de indígenas. Dados do INPE ( Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que o número de incêndios na Amazônia cresceu 28% entre julho de 2019 e julho de 2020.


Contrariamente ao que ocorre no oeste dos Estados Unidos, sobretudo em Oregon e Califórnia, onde são intensos os incêndios provocados por uma situação de seca, de grandes estiagens históricas, na Amazônia brasileira os incêndios são causados, sobretudo, por desmatamento e por garimpos.

O alerta ao Brasil e ao mundo tem sido feito sistematicamente por organizações ambientalistas, por instituições mundiais como a ONU e seus organismos, e por estudiosos de várias partes do planeta, cientistas que se dedicam a observar os avanços que vêm sendo postos em prática na destruição do meio ambiente. E têm indicado os caminhos corretos para se barrar essa corrida maluca que se estabeleceu nesse mundo globalizado, onde a única coisa que parece mesmo valer e prevalecer é a tarefa de explorar e acumular riqueza material. A qualquer custo.



O magnífico educador Edgar Morin, antropólogo, sociólogo e filósofo francês que, por seu valor transcendental, se transformou num ícone do saber para o universo, produziu, a pedido da UNESCO, em 1999, uma obra que nos cabe sempre consultar. Trata-se de “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, na qual analisa as tragédias geradas pelo próprio homem no planeta terra e nos conduz a uma reflexão sobre como a humanidade deverá agir para salvar a própria espécie humana, tendo a Educação reparadora como única forma de salvação.

Edgar Morin indica que uma globalização que levou em conta tão somente a economia, sem interliga-se com as diversas vidas do planeta, nos levou a desastres irreparáveis.

“De tudo isso”, diz o cientista, “resultam catástrofes humanas cujas vítimas e cujas consequências não são reconhecidas nem contabilizadas, como se faz com as vítimas das catástrofes naturais. Desse modo, o século XX viveu sob o domínio da pseudo-racionalidade, mas atrofiou a compreensão, a reflexão e a visão em longo prazo. Sua insuficiência para lidar com os problemas mais graves constituiu um dos piores problemas da humanidade”.

E vai além: “Daí decorre o paradoxo: o século que produziu avanços gigantescos em todas as áreas do conhecimento científico, assim como em todos os campos da técnica, ao mesmo tempos produziu nova cegueira para os problemas globais, fundamentais e complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões.”


Ao alertar para a possibilidade da morte ecológica do planeta, lembra que desde os anos 70, descobrimos que os dejetos, as emanações, as exalações de nosso desenvolvimento técnico-industrial urbano degradam a biosfera e ameaçam envenenar irremediavelmente o meio vivo ao qual pertencemos: a dominação desenfreada da natureza pela técnica conduz a humanidade ao suicídio.


E destaca, finalmente, que todos devemos estar comprometidos, na escala da humanidade planetária, na obra essencial da vida, que é resistir à morte. Civilizar e solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda educação que aspira não apenas o progresso, mas à sobrevida da humanidade.

E é com essa inspiração necessária em Edgar Morin, que desejo que paremos de ser hipócritas, que paremos de achar que essa tragédia que se abate sobre a natureza não tem nada a ver com a gente. Somos todos responsáveis por um olhar e uma atitude que nos encaminhe à nossa própria salvação.

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