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29 de abr. de 2021

Feminicídio político: entenda assassinato de adolescentes de cidade do PI

 


Adolescentes podem ter sido vítimas de feminicídio político, aponta delegadaJovens assassinadas | WhatsApp/Reprodução


A jovem Maria de Fátima, de 17 anos, foi executada e sepultada há um mês em uma cova rasa que ela mesma cavou. Até hoje não foi encontrado o corpo da jovem, que sumiu ainda no dia 7 de março. O sofrimento da família aumentou depois que receberam fotografias da jovem sentada dentro de uma cova rasa e, em seguida, sem vida dentro do buraco.

Maria de Fátima é a quarta adolescente de Teresina executada e sepultada pelo chamado “Tribunal do Crime”, que mata supostos traidores de facções criminosas. Além da jovem, também foram vítimas Maria Eduarda, Joyce Ellen e Tatiana Graziela Santos Rodrigues de Jesus.


Maria Eduarda, de 17 anos, e Joyce, de 15, foram os primeiros casos. Elas foram obrigadas a cavar a própria cova e depois foram executadas. Vídeos também foram encaminhados às famílias e os corpos foram localizados em seguida, em Timon (MA).

Depois foi a vez de Tatiana Graziela, de 15 anos, que foi torturada em imagens divulgadas pelos bandidos. Em seguida ela também foi executada, e o corpo encontrado às margens do Rio Parnaíba, na região da Santa Maria da Codipi, zona Norte de Teresina. A suspeita de mandar matar Tatiana foi presa.


Meninas assassinadas pelo Tribunal do Crime. Crédito: Reprodução/Whatsapp.

As quatro mortes são envoltas de simbolismos macabros. Sequestro, tortura, a humilhação de cavar o próprio sepulcro clandestino até o assassinato. Isso pode mostrar uma outra versão do feminicídio: o motivado por questões políticas do crime organizado. A motivação seria a infidelidade criminosa.

O feminicídio político

O feminicídio político acontece quando as mulheres são assassinadas por questões de gênero que fogem à vida particular, mas que levam ao contexto do mundo do crime, por exemplo. “São feminicídios diferenciados do que costumamos observar. É uma perspectiva política, estranha às relações domésticas e intrafamiliares. Entramos em um espaço que sai da dimensão pessoal para uma dimensão política. Não diria que são mortas por uma questão de dominação, mas sim por uma questão de gênero, que deve ser aferida nas investigações”, explica Eugênia Villa, Superintendente do Sistema de Gestão de Riscos, que estudou perspectivas de gênero durante estudos para doutorado.

A delegada Eugênia Villa. Crédito: Raíssa Morais.

As investigações podem definir se as quatro jovens de Teresina, assassinadas em série, foram vítimas de feminicídio político. “Podemos encontrar vestígios de violência sexual, mutilações contínuas e agudo sofrimento às mulheres. Esses gestos simbólicos colocam relações de poder, onde a condição de sexo feminino tem esse impacto. É preciso investigar os cadáveres”, revela Eugênia Villa.

A delegada reforça a necessidade de combater facções criminosas. “As facções criminosas são riscos a qualquer pessoa. Com relação a adolescentes e meninas, precisamos estudar. O assassinato de meninas em série aconteceu no Ceará. E isso está acontecendo no Piauí, então precisamos fazer uma investigação peculiar. O Piauí tem uma polícia especializada, que é a Delegacia de Feminicídio. Se forem feminicídios tentados ou consumados pelo menosprezo às mulheres, na potência da masculinidade hegemônica, a delegacia está pronta para atuar”, acrescenta a estudiosa sobre gênero e feminicídio.


Eugênia Villa recomenda que mães, pais e responsáveis observem as companhias e comportamentos dos filhos. “Os pais e cuidadores de jovens e adolescentes devem acompanhar a rotina. A educação familiar deve estar vigilante, principalmente como é o comportamento dele. É preciso participar das vidas das meninas e meninos também”, finaliza.

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