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29 de jun. de 2021

Pobres e negros são as maiores vítimas da pandemia



A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos."

Mia Couto

Na semana passada, ao depor na CPI da Covid-19, no Senado, a doutora Jurema Werneck, a diretora-executiva da mundialmente respeitada ONG Anistia Internacional para o Brasil, trouxe sérias e alarmantes revelações acerca do predomínio da pandemia junto às populações mais vulneráveis, os pobres e miseráveis do país.

É nesse universo que se encontram desempregados, negros, sem teto, moradores de favelas e periferias, pessoas em situação de rua, idosos em asilos, indígenas, quilombolas, travestis e transexuais, população carcerária do sistema socioeducativo.


Ao lembrar que a mídia difundiu a ideia de que a Covid-19 era uma doença democrática, pois pegaria todo mundo, branco ou negro, pobre ou rico, ela advertiu que “o vírus procura a oportunidade, mas a injustiça, a desigualdade, as iniquidades fizeram a diferença”, para mostrar que a imensa maioria das vítimas fatais encontra-se entre as pessoas de baixa oportunidade econômica, ou vítimas das mais variadas manifestações de preconceito.

Ao dizer que que a pandemia de modo geral foi negligenciada, apresentou um dado bastante revelador: na questão da testagem, estudos mostraram que apenas 14% da população haviam feito teste, e mesmo assim, número de testes entre as pessoas abastadas foi quatro vezes maior do que entre os vulneráveis.


Imensa maioria das vítimas encontram-se nas pessoas de baixa oportunidade econômica - Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasil


Isso é muito triste, disse: “Não há saída da pandemia sem olhar pra todos. Não é apenas necessário encontrarmos e termos a vacina, mas vacinarmos igualmente a todos, talvez o maior desafio no sétimo país mais desigual do mundo”.

Jurema Werneck traz o olhar de quem viveu na pele as injustiças sofridas por essas pessoas. Negra, nascida na favela, aos 14 anos ela viu sua mãe, Dulcineia, morrer de aneurisma cerebral, em um caso de negligência médica. "A experiência dela adoecer e morrer foi de desassistência".

Médica, com formação humanística diferenciada, dirige entre nós a Anistia Internacional, uma organização que nasceu na Inglaterra em 1961 e se tornou numa referência mundial. Jurema Werneck é, por certo, uma abençoada exceção no mundo de ausência de oportunidades em que viveu, e na qual estão cada vez mais mergulhados milhões e milhões de brasileiros.


O que a doutora Jurema nos diz sobre as desgraças da desigualdade, é conhecido por todos, embora poucos estejam ligando para isso. Os olhos fechados da maioria, especialmente dos que dominam a política, poucos se lixam para o levantamento, por exemplo, trazido agora em junho pelo Credit Suisse, mostrando que o cenário social brasileiro em 2020 piorou, com o aumento da desigualdade e da concentração das riquezas nacionais na mão de 1% da população.

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