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13 de jul. de 2021

Oito em cada dez pessoas que se curam da Covid têm sequelas, como tratar?



Semana prolífica de dados e efemérides, lembrados nos mais diversos ambientes e meios de comunicação.

Passamos, por exemplo, os 500 dias do primeiro caso diagnosticado da Covid-19 no Brasil, que aqui chegou sem dar trégua para perplexidades. A curva de aprendizado por ela gerada, para que a entendêssemos como uma doença sistêmica, trombogênica, capaz de comprometer a microcirculação em todos os órgãos, foi e é ainda permanente. Hoje, nosso maior desafio é lidar com as sequelas da chamada “Covid longa”, presente em cerca de 80% dos que se curam, e comprometendo diferentes sistemas do corpo, com diversos graus de gravidade. A reabilitação pós-Covid-19 exige serviços multidisciplinares, a serem implementados na estrutura do SUS.

Sem razão para celebrar a redução de mortes porquanto mantemos mais de mil óbitos diários no país e contamos esse luto imenso de quase 550 mil brasileiros levados pela pandemia, assistimos a uma cobertura vacinal de 15%. Ainda longe do desejável, já resulta em impacto importante nas hospitalizações.

Trabalhador médico cuida de um paciente com Covid-19 | Denis Grishkin/Moscow News Agency/Handout via REUTERS

Em 10 de julho comemoraram-se 150 anos do nascimento do francês Marcel Proust (1871-1922), certamente um dos autores mais influentes do século XX, com a monumental obra “Em busca do tempo perdido”. Não apenas pelo tempo que levou para ser escrito, em seus sete volumes, mas pela densidade da narrativa exasperante de um cotidiano sacralizado, torna-se atemporal e desafiador até os nossos dias. Curioso que, neste tempo pandêmico, de dias de rotinas novas, vários grupos se dedicaram a essa bela e esmagadora aventura de busca da memória proustiana.

Impressionante a muitos — e para mim, emocionante, pela amizade que nos une — assistir de longe o centenário de Edgar Morin, o grande humanista francês. Criador do pensamento complexo e dos sete saberes na educação, lúcido, pensa e intervém com argúcia sobre o impacto da pandemia em nossas vidas, à luz de tantos inesperados pelos quais passou em sua longa vida. Olha com perspectiva e esperança o futuro.

Sua prodigiosa memória se revela uma vez mais em “Lições de um século de vida”. Recém-lançado na França, o livro traduz o melhor do humanismo do nosso tempo, ao narrar sua trajetória, sua identidade e seu múltiplo. A obra apresenta o inesperado de tantas vivências com a preocupação de nada ensinar, mas “contar lições de uma experiência secular e de um século de vida, para serem úteis a alguém, não apenas para se interrogar sobre sua própria vida, mas também para encontrar seu próprio caminho”.

Esse é o Edgar, que aos 98 anos recebemos em memorável sessão do grupo Humanidades da Saúde no Rio de Janeiro, nos falando sobre ciência e humanismo, e que em reunião social nos surpreendeu e encantou ao declamar “Le lac” (“O lago”), do poeta Alphonse de Lamartine (1790-1869). No melhor romantismo fala o tempo: “Nem ainda guardaremos suas pegadas?/ Para onde vão as delícias que devoras, / Que fazeis Eternidade, sombras abismadas, / das deglutidas horas?”.

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