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19 de ago. de 2021

Congestionamento de portos ameaça o mundo com escassez global de produtos



É difícil imaginar que nos Estados Unidos, um dos países mais ricos do mundo, exista escassez de alguns produtos. Mas comprar um carro novo, móveis ou materiais de construção deixou de ser uma tarefa fácil no país.


Em muitos casos, os consumidores precisam esperar por meses antes de conseguir o produto que estão buscando. Isso porque o congestionamento de contêineres nos principais portos do mundo está provocando interrupções intermitentes nas cadeias de abastecimento.


Como muitas empresas mantêm estoques mínimos com o objetivo de reduzir custos, quando situações como essas ocorrem, elas ficam sem a quantidade necessária de produtos para atender à demanda.


"Alguns consumidores não encontrarão as coisas que precisam", advertiu Neil Sunders, analista de varejo da consultoria GlobalData Retail.

Congestionamento de portos ameaça o mundo com escassez global de produtos (Foto: Reprodução)


Essa demanda por produtos cresceu nos últimos meses no contexto de uma reativação econômica após 2020, que representou uma das piores recessões globais das últimas décadas.


O problema é que a pandemia alterou o ritmo do fluxo do comércio nacional e, quando o consumo aumenta em vários países ao mesmo tempo, os portos, as rotas marítimas, trens e aviões que transportam os produtos não conseguem acompanhar.


Nem mesmo algumas indústrias que produzem peças fundamentais para a fabricação de outros produtos, como microchips, conseguem alcançar o ritmo atual.


Comida, roupas, móveis, carros e computadores


A escassez de semicondutores tem causado problemas para os fabricantes de automóveis, computadores, laptops, celulares ou consoles de videogames.


"Pode ser necessário de um a dois anos para que a indústria possa colocar a demanda em dia", declarou Patrick Gelsinger, diretor-executivo da Intel.

Alguns carros têm demorado para ser entregues em razão do atual cenário (Foto: Getty)


A mesma situação está ocorrendo com materiais fundamentais para a fabricação de roupas, sapatos, comida... a lista é interminável.


"Ninguém pode fazer nada", disse Steve Lamar, diretor-executivo da Associação Americana de Roupas e Calçados. "Comprem seus presentes de Natal agora", afirmou.


Como muitos contêineres estão presos em alguns portos, o preço do frete disparou.


Algumas empresas como a Legwear & Apparel, que fabrica produtos para marcas como Puma, Champion e Skechers, confirmam que os custos dos fretes cresceram.


Diretor de operações e finanças da empresa, Christopher Volpe disse ao jornal Washington Post que está pagando cerca de US$ 24 mil para enviar contêineres dos Estados Unidos à Ásia. Segundo ele, o mesmo procedimento custava US$ 2 mil antes da pandemia.


No setor de alimentos, as histórias de restaurantes que tiveram que alterar o menu se repetem todos os dias em diferentes lugares, da Coreia do Sul aos Estados Unidos.


Embora sejam situações excepcionais, a dificuldade do comércio internacional é uma tendência.


Situação pode continuar difícil em 2022


Alguns varejistas disseram que têm produtos suficientes apenas para atender à demanda por pouco mais de um mês, situação que implica em um dos níveis mais baixos de estoque desde 1992, de acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos.


Há muita incerteza sobre o que pode ocorrer no futuro, especialmente agora com a variante Delta do coronavírus propagando rapidamente em todo o mundo.


As interrupções no fornecimento podem continuar até durante boa parte de 2022, declarou recentemente o presidente da Reserva Federal de St. Louis, James Bullard.

Congestionamento de portos ameaça o mundo com escassez global de produtos (Foto: Reprodução)


Conforme a demanda e a oferta aumentam, haverá algumas semanas em que os consumidores verão escassez de certos produtos e depois de outros.


No período recente, se tornou mais difícil encontrar materiais plásticos para embalagens, bolsas de papel, carne ou azeite para cozinhar.


Às vezes, isso ocorre por problemas de fluxo de trens e caminhões, outras vezes porque a remessa internacional não chegou ou até por falta de mão de obra.


Um novo equilíbrio


"Creio que o principal efeito da escassez global de muitos bens será um maior desequilíbrio de estoque no futuro", disse Willy Shih, professor da Harvard Business School.


Diante da atual escassez, o especialista explica que as empresas estão fazendo pedidos adicionais ou tentando obter seus produtos por meio de canais de logística obstruídos.


Com o tempo, conforme o abastecimento for colocado em dia, "provavelmente veremos excedentes (de produtos) em muitas áreas", aponta o especialista.


Isso faz parte do desequilíbrio do sistema.


"Isso aconteceu com os rolos de papel higiênico no ano passado. Primeiro houve desabastecimento e logo depois havia excesso", explicou o economista à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC).


Essa situação é conhecida como "efeito chicote" na cadeia de suprimentos. Ocorre porque as empresas compensam em excesso a escassez e acabam com muito estoque.


"Outra situação que será difícil de evitar serão as pressões inflacionárias. Muitos custos de logística atingiram níveis recordes ultimamente e, eventualmente, alguém terá que pagar por eles", disse Shih. "Possivelmente serão os consumidores", acrescentou.


As empresas menores que não conseguirem repassar os custos, estão expostas a uma situação complicada em suas finanças.

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