Queimadas na Amazônia afetam o Piauí - Barra d Alcântara News

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24 de ago. de 2019

Queimadas na Amazônia afetam o Piauí

Pode parecer que não, que a distância é grande, mas as queimadas na Floresta Amazônia influenciam, sim, na saúde do piauiense, assim como a de todos os brasileiros. A maior floresta do mundo é, de fato, a mais importante bioma do planeta.
O climatologista Werton Santos explica o porquê. “O sistema amazônico tem uma influência direta nas chuvas de todo o planeta Terra. Dada a sua dimensão, qualquer ação humana sobre a Amazônia repercute sob estas variáveis. Estamos na estação seca na Amazônia e há um paradigma social: as queimadas. Elas são comuns para a plantação em várias regiões do Brasil”, conta. 
Em condições de tempo seco, as queimadas se espalham em razão das correntes de ar, em grande altitude. “Qualquer queimada que acontece na Amazônia é facilmente transportada para o Sul. Por isso o céu escurecido em São Paulo. E é claro que isso também prejudica o Estado do Piauí”, aponta Werton Santos.
O climatologista ressalta que a interferência existe, apesar de menor que a experiência paulista. “A interferência é bem menor que a do Centro-Sul. Mas prejudicam a qualidade do ar e a saúde das pessoas. Ar mais seco, temperatura mais elevada e material particulado em suspensão prejudicam muito. A umidade relativa do ar deve reduzir até 30%, conforme previsão do Sistema de Meteorologia Nacional”, pontua.

Crédito: José Alves Filho

Danos
Tania Martins, presidente da Rede Ambiental do Piauí (Reapi), conta que as queimadas são extremamente danosas para o meio ambiente. Ela ressalta que a queimada que acontece na Amazônia também interfere na questão ambiental do Piauí. 
A ambientalista declara que os incêndios são criminosos. “Faltam palavras para descrever tamanho crime e até onde se sabe esses incêndios são criminosos, falam que os ruralistas colocaram fogo para comemorar as ações do Bolsonaro em declinar dos apoios da Alemanha e Noruega para proteger a Amazônia. Somam-se aos ruralistas os grileiros”, dispara Tania.
Todo o Brasil sofre com as queimadas na Floresta Amazônica. “Está na hora da população brasileira acordar e sair em defesa do bioma sob o risco de perdermos a mais importante floresta do mundo, importante para controlar o clima e as chuvas distribuídas Brasil afora. Todos os biomas brasileiros são afetados com os incêndios”, explica.
Tempo seco piora situação
Os consultórios médicos estão lotados de pessoas com sintomas parecidos. Garganta inflamada, olhos irritados e fragilidades no sistema respiratório. A causa para o “boom” destes tipos de problemas de saúde é unânime para os especialistas: as queimadas associadas ao tempo seco.
Para José Maurício Lopes Neto, otorrinolaringologista, a problemática está diretamente relacionada ao número elevado de queimadas, inclusive nos centros urbanos como Teresina. “As queimadas liberam vários poluentes clássicos e substâncias tóxicas que aumentam as chances de infecções das vias aéreas superiores, descompensações de quadros alérgicos como na asma, doenças oculares irritativas, tosse, sensação de falta de ar, obstrução e sangramentos nasais, doenças dermatológicas, irritação na garganta/rouquidão”, explica o médico.
A umidade é um fator importante. “Lembrando que nessa época do ano a umidade do ar está mais baixa, o que provoca um ressecamento maior nas mucosas das vias respiratórias. Isso aumenta os riscos de infecções devido a perda da proteção que essas mucosas oferecem. A exposição a essas substâncias tóxicas aumenta a chance do surgimento de doenças respiratórias crônicas, tais como rinossinusites, pneumopatias, alergias e até risco de neoplasias malignas”, alerta o otorrinolaringologista.
Cuidar da saúde de forma preventiva é a recomendação do médico. “Devemos nos hidratar bem, ingerir frutas, usar soluções fisiológicas para limpeza da cavidade nasal, ficar o mais longe possível das áreas de queimadas, evitar exposição solar nos horários mais críticos, uso de protetor solar e hidratantes, usar umidificador nos quartos ou toalha molhada/bacia com água. Importante a participação do Estado e da população na prevenção de queimadas”, aponta José Maurício Lopes Neto. (L.A.)

Olhos também são afetados
Os níveis de carbono em suspensão, em razão das queimadas e poluentes no ar, também prejudicam a saúde dos olhos. Irritabilidade e outros sintomas podem agredir a saúde ocular, impedindo que as mucosas tenham as defesas necessárias para as adversidades do ambiente.
Crédito: Gabriel Paulino
É que explica Walda Eulálio Santos, oftalmologista com especialidade em retina. “A exposição aumentada a níveis de carbono e de partículas como poeira, fumaça e fuligem provocam alterações nas células responsáveis pela produção das camada mucosa da lágrima, que faz com que a lágrima se espalhe por todo o olho, além da inflamação das glândulas das pálpebras que produzem o componente oleoso da lágrima e que evita que ela evapore mais rápido”, revela. 
principal prejuízo é a produção de lágrimas, fundamentais para a saúde dos olhos. “Sumindo, eles alteram a composição da lágrima e das glândulas palpebrais. A lágrima tem importante função de proteção do globo ocular, pois mantém o olho lubrificado e protegido de lesões decorrentes de micro-organismos e corpo estranhos”, acrescenta Walda.
A fumaça é um agente irritante aos olhos. A exposição excessiva pode levar a doenças. “Se não houver como evitar, ficar longe dela, é preciso usar um lubrificante artificial. E, principalmente, não coçar. Os poluentes podem causar a síndrome do olho seco, ou ainda inflamações na córnea e na conjuntiva, como as ceratites e conjuntivites”, conta a oftalmologista.
O uso de qualquer medicamento, no entanto, precisa de prescrição médica. Ao desencadear algum sintoma nos olhos, é necessário buscar um especialista. “O olho seco, causado pelos fatores descritos, pode causar vermelhidão ocular, coceira e sensação de areia nos olhos. A ceratite e conjuntivite podem causar lacrimejamento excessivo, dor, sensação de corpo estranho, hiperemia e muito desconforto ocular. O ideal é usar colírios compostos por lágrimas artificiais ou pomadas para intensificar a lubrificação. Em alguns casos especiais recomendamos anti-inflamatórios e antibióticos tópicos, mas, claro, todos com prescrição médica”, frisa Walda Eulálio Santos. (L.A.)
Crianças, idosos e pessoas baixa renda estão vulneráveis
Pessoas com a saúde vulnerável, profissionais de risco e os mais pobres são os que mais sofrem com as queimadas e o tempo seco. As periferias estão mais expostas a queimadas, e os idosos e crianças possuem fragilidades em alguns aspectos.
O otorrinolaringologista José Maurício aponta os grupos de maior risco. “Crianças, idoso, alérgicos, portadores de doenças cardiovasculares, população de baixa renda e algumas profissões, como bombeiros, costumam sofrer mais com os efeitos adversos das queimadas”, explica.
Crédito: Luiz Fernando Gonzaga
Por outro lado, a oftalmologista Walda Eulálio Santos conta que alguns grupos possuem especificidades. “Alguns grupos etários estão mais afetados à poluição porque por si só já constituem fatores de risco, como os idosos que naturalmente possuem uma bomba lacrimal já mais ineficiente. Com o passar da idade, há maior dificuldade na produção e drenagem da lágrima, piorando as condições do olho seco, que se agravam quando expostos à poluição. No caso das crianças, a situação agrava porque elas têm seu sistema lacrimal ainda imaturo, principalmente até completar um ano de idade”, conclui a médica. (L.A.)

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