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24 de out. de 2020

No Piauí, ator Raphael Vianna crê que Paixão de Cristo dará “força” para enfrentar a pandemia

 Foto: Yala Sena

No Piauí, para encarar o personagem Pôncio Pilatos na Paixão de Cristo de Floriano, o ator Raphael Viana, 36 anos, crê que o espetáculo, em formato de live, será uma “experiência única” e dará “força” à população para enfrentar a pandemia. 

Ele desembarcou em Teresina na última quinta-feira (22). Foi do aeroporto direto para o restaurante Flutuante, mas antes passou no Polo Cerâmico, do bairro Poty Velho, e se encantou com a produção das peças e a história de vida das artesãs. 

Antes de pegar estrada para Floriano, Raphael falou com o portal Cidadeverde.com. Ele conta as lições da pandemia, o impacto do vírus para a produção cultural e sua expectativa para a Paixão de Cristo, em Floriano, que será exibida sem público em live hoje (24) e domingo (25) com transmissão pelo Youtube, no canal UFOPIAUI, a partir das 20h.  

 

 

Paixão de Cristo em live

"É uma experiência única que a gente vai viver e talvez não vamos viver mais. Temos uma oportunidade única de fazer uma apresentação e levar esse trabalho para todo mundo. Eu não enxergo assim: ah! poxa, esse ano vai ser assim, que pena. Não! eu não enxergo assim, de coração. Quero em outro momento voltar aqui, ter contato com essas pessoas de muita fé, que eu possa ter esse privilegiado no futuro. Mas, eu também sei do privilégio que vou ter, de fazer essa apresentação, que é única e da minha parte tem a mesma doação, o mesmo empenho, a mesma vontade, de se contar essa história e que essa história chegue no coração do maior número de pessoas. Na pandemia, a Paixão de Cristo vai reverberar de outra maneira. Acho que essa história pode ser um alimento que vai dar mais coragem, aliado a fé de cada um que acompanhará nossa live. Acho que vai dar um respiro, uma força".

História profunda

"Cada pessoa enxerga o espetáculo de acordo com sua vivência, experiências de vida, e isso é maravilhoso no teatro e em qualquer contação de história. Ela bater em cada um de uma maneira. É uma história profunda, que  penetra até em pessoas que, às vezes, a vida foi dando muita couraça". 

Construção do personagem

"Lembro que quando recebi o convite, fiquei muito feliz, e lembrei do trabalho do meu amigo Joaquim Lopes, que fez Pilatos na Paixão de Cristo. A gente conversava muito sobre o trabalho, que mexeu bastante com a gente. De cara já tinha uma referência latente que era o trabalho dele. Quando fui lê, estudar, é impressionante que nós atores fazemos aquilo que nós temos vivência. Aí veio toda a minha vivência, minhas pesquisas, tudo que já li, como essas imagens se forma na minha cabeça, como eu vejo esse personagem. No dia que coloquei o figurino para fazer as fotos, como isso me mudou, quando fui gravar o áudio, como isso me afetou. Tenho certeza que agora vem mais uma transformação que é estar no palco, estar nesse solo sagrado, e vivenciar isso no sábado e domingo. Cada dia será um espetáculo diferente". 

Sobre o espetáculo

"É uma história que já vimos de várias maneiras, no teatro, no cinema, e é algo que está na nossa história, que tem todo um desdobramento que reverbera na gente até hoje. Toda história que faz parte da nossa história, ela mexe num lugar diferente da gente. 

Quando eu recebi um convite há três, quatro anos eu tive a oportunidade de participar de uma Paixão de Cristo da Nova Jerusalém onde eu fiz Herodes. Foi algo assim transformador porque eu pude entender, eu sou de Barra Mansa, interior do Rio de Janeiro, lá existem algumas festividades religiosas, que eu acompanhei. Minha mãe é devota de Nossa Senhora, então, as procissões, as romarias, sempre fizeram parte de minha vida desde pequeno. E vê esse movimento de muita fé é impressionante, como isso é transformador, como é potente. Nessa minha experiência na Paixão de Cristo eu vi o quanto a terra, o lugar onde essas encenações acontecem, o quanto esse lugar se torna sagrado. Eu não quero aqui trazer uma comparação, mas só pra ilustrar para alguém que talvez nunca tenha participado, assistido uma encenação como essa, eu acho que é o mesmo lugar de fé como pro Católico é uma igreja, como pro evangelho é o templo, como pro umbandista é o terreiro. Aquele lugar, aquele solo, é um lugar sagrado".

Paixão de Cristo na pandemia 

"Acho que a narrativa dessa história que se vê de superação, a dificuldade, o sofrimento, e vê uma fé que é inabalável. A pandemia vai passar, ela tem esse tempo, que é um longo tempo pra gente que vive nesse tempo. E pra cada um o tempo bate de uma maneira". 

Impacto para a produção cultural

"Nosso setor foi o primeiro a parar. Ele vem ensaiando de voltar, um teatro que tem uma área a céu aberto. Teve o desdobramento das apresentações on-line e trouxeram para a gente uma nova possibilidade e um novo viés de comunicação. Você tinha o teatro filmado, gravado pra arquivo e enviar para festivais. O teatro sendo filmado é uma narrativa diferente do que a narrativa que se construiu na pandemia que é você fazer para a câmera, para atingir através da câmera. Teve questionamento de é teatro? Não é teatro? Eu Raphael, na minha opinião, entendo que é uma experiência cênica audiovisual. Eu não digo que é o teatro, porque teatro estabelece a partir da comunicação visual entre o ator e o expectador, olho no olho. Na câmera eu não tenho plateia e não tenho essa troca. O meu trabalho se assemelha mais com a televisão ou cinema". 

As lições da quarentena 
 
"A pandemia gerou um processo muito interessante meu com minha família, que fez a gente ficar confinados juntos.  Eu, meu pai, minha mãe, minha irmã e minha avó de 86 anos. Ela foi passar o aniversário com a minha mãe, dia 11 de março, então a pandemia bateu por volta de 13 de março, e começou a fechar tudo e ela ficou com a gente e ficamos todos juntos. A relação familiar ganhou outro lugar, passamos a enxergar coisas que a gente não enxergava, e quando eu digo a gente, é um olhar para dentro da minha família, passamos a superar coisas que não tem importância. No momento como esse, o que é que tem importância? A gente repensa o que é que tem importância, aquilo que antes poderia ser um problema, ainda é um problema durante a pandemia? A gente viu muitas famílias perdendo os entes queridos, muitas... A relação com o tempo também mudou. Não adianta querer se debater, cadê a vacina? a vacina não chega. Não adianta querer remar contra, tem que se cuidar, ter novas posturas". 

 

 

 

 

Por Yala Sena
yalasena@cidadeverde.com

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