A voz embargada ao telefone durante entrevista resume um pouco do drama que a auxiliar de limpeza Solange Cristina Ferreira, de 41 anos, vivenciou durante a pandemia de Covid-19. Moradora de São José do Rio Preto (SP), Solange viu a filha Lauane Cristina Ferreira de Moraes, de 23 anos, morrer por complicações provocadas pelo novo coronavírus.
Lauane Cristina, de 23 anos, morreu por complicações da Covid-19
“A doença foi paralisando o corpo todo dela. Os médicos me diziam que o pulmão dela estava esfarelando e ficando como uma bucha de lavar louças. Foi um choque muito grande quando recebi a notícia da morte da minha filha. Ela não tinha nenhuma comorbidade. Era totalmente saudável”, desabafa.
A auxiliar de limpeza conta que Lauane morou um ano e três meses em Londres. No entanto, decidiu voltar para o Brasil em 3 de junho. Dez dias depois de chegar ao município do interior de São Paulo, a jovem começou a apresentar sintomas associados à Covid-19 e resolveu procurar ajuda.
“Ela fez exames. O resultado apontou que ela estava com as plaquetas baixas. Então, minha filha foi ao médico, que falou que era dengue. Quando o plantão foi trocado, outro médico disse que minha filha poderia estar com Covid-19, mas marcaram o exame para dias depois”, relata.
Acreditando que estava com dengue, Lauane retornou para a casa, mas começou a sentir falta de ar e, em seguida, dificuldades para se comunicar.
“Chamamos uma ambulância, mas ninguém apareceu. Então, o namorado a levou para uma unidade de saúde. Depois, ela foi transferida para o Hospital de Base, onde foi entubada instantaneamente”, afirma.
Solange diz que colheram o material genético de Lauane para fazer o exame de coronavírus somente quando a jovem estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
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