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27 de jan. de 2022

Prévia da inflação desacelera em janeiro, mas segue acima de 10% em 12 meses

 Foto: Hérlon Moraes

A prévia da inflação oficial no Brasil até desacelerou na largada de 2022, mas segue em dois dígitos no acumulado de 12 meses, apontam dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).

Em janeiro, o indicador teve variação de 0,58%, informou nesta quarta-feira (26) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado sinaliza uma perda de fôlego frente a dezembro de 2021, quando a alta havia sido de 0,78%.

Mesmo com a desaceleração, a taxa de janeiro ficou acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço menor no período, de 0,44%.

Com a entrada do novo dado, a prévia da inflação acumulou alta de 10,20% em 12 meses. Nesse recorte, analistas também esperavam variação mais baixa, de 10,04%. Até dezembro, o acumulado era de 10,42%.

O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também calculado pelo IBGE.

O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Por isso, é conhecido como uma prévia.

Em 12 meses, o IPCA-15 está bem distante da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA. Em 2022, o centro da meta é de 3,50%. O teto foi definido em 5%.

Analistas do mercado já projetam novo estouro da meta, o segundo consecutivo, com o IPCA acima dos 5% no acumulado de 2022.

ALIMENTAÇÃO PUXA RESULTADO
Em janeiro, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preços, segundo o IPCA-15.

Na visão da economista Julia Passabom, do Itaú Unibanco, os resultados sugerem uma inflação que permanece "com cara ruim". "Os dados mostram ainda choques relevantes, com pressão na margem", analisa.

Entre os grupos, o maior impacto em janeiro (0,20 ponto percentual) veio de alimentação e bebidas. O avanço foi de 0,97%, o que significa aceleração frente ao mês anterior (0,35%).

Dentro desse segmento, a alimentação no domicílio subiu 1,03%. Os maiores impactos vieram da cebola (17,09%), das frutas (7,10%), do café moído (6,50%) e das carnes (1,15%), diz o IBGE.

Por outro lado, houve queda nos preços da batata-inglesa (-9,20%), do arroz (-2,99%) e do leite longa vida (-1,70%), que já haviam recuado no mês anterior.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, teve avanço de 0,81% em janeiro. O lanche passou de queda de 3,47% para alta de 1,25%, enquanto a refeição subiu 0,63%, resultado inferior ao do mês anterior (1,62%).

Conforme o economista André Braz, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a inflação dos alimentos é um dos fatores de preocupação no começo de 2022.

O alerta está relacionado à estiagem que castiga lavouras da região Sul e de parte do Centro-Oeste. Há risco de as perdas elevarem ainda mais os preços da comida nos próximos meses, segundo Braz.

"O IPCA-15 veio acima da expectativa em janeiro. Os alimentos in natura tiveram participação grande. É um efeito sazonal, agravado pela onda de calor no Sul e as chuvas no Sudeste", afirma.

"Se houver uma quebra de safra expressiva em milho, soja e trigo, complicará a inflação de alimentos, com impacto mais persistente sobre as carnes, porque boa parte dos animais é sustentada com milho e soja. O trigo é importante na cadeia produtiva para massas, pães e biscoitos", completa.

Depois de alimentação e bebidas, os destaques em janeiro foram os grupos de saúde e cuidados pessoais (0,93%) e habitação (0,62%). Os segmentos contribuíram com 0,12 ponto percentual e 0,10 ponto percentual, respectivamente.

Os transportes pegaram a contramão e registraram a única queda de preços entre os grupos no IPCA-15. O recuo foi de 0,41% em janeiro, após forte alta de 2,31% em dezembro.

O resultado de transportes foi influenciado pelas baixas nos preços da gasolina (-1,78%) e das passagens aéreas (-18,21%), de acordo com o IBGE. Etanol (-3,89%) e gás veicular (-0,26%) também tiveram variações negativas no período.

De acordo com Braz, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, pode chegar a 6% no acumulado de 2022, dependendo de riscos como a estiagem no Sul e a recente elevação do petróleo. Hoje, a estimativa do pesquisador é de alta de 5,5%.

Após a divulgação do IPCA-15, o Itaú Unibanco revisou para cima sua projeção de IPCA em 2022. A alta prevista passou de 5% para 5,3%.

"O balanço de riscos é altista", pontua a economista do banco Julia Passabom.

CHOQUES NA PANDEMIA
Uma sucessão de choques vista ao longo da pandemia ajuda a explicar a escalada dos preços no Brasil. Após desalinhar cadeias produtivas globais, a crise seguiu provocando escassez de insumos no mercado internacional em 2021.

Com a falta de matérias-primas e a reabertura da economia, os preços ficaram mais caros em diferentes regiões. Atividades como a indústria automobilística estão entre as mais afetadas pela situação.

No Brasil, a pressão gerada pela escassez de insumos foi intensificada pela desvalorização do real ante o dólar. A moeda americana subiu em meio a turbulências na área política protagonizadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

O câmbio elevado também encareceu os combustíveis para os brasileiros. Isso ocorreu porque o dólar é levado em consideração pela Petrobras na hora de definir os preços nas refinarias de itens como gasolina e óleo diesel.

A inflação ainda foi turbinada pelos choques climáticos ao longo do ano passado. A crise hídrica que atingiu o país aumentou os custos para geração de energia elétrica e, como consequência, as contas de luz dos consumidores.

Além disso, a seca, aliada ao registro de geadas, encareceu alimentos. Em 2022, o clima adverso volta a causar preocupação entre economistas, com a estiagem no Sul e em parte do Centro-Oeste.

Para tentar conter a inflação, o BC vem subindo a taxa básica de juros. O efeito colateral da Selic mais alta, atualmente em 9,25% ao ano, é inibir investimentos produtivos e consumo, já que as linhas de crédito ficam mais caras.

Foto: Folhapress

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