A cor da pele e preconceito, designer de moda relata sobre racismo no mundo das passarelas - Barra d Alcântara News

últimas

Post Top Ad

Post Top Ad

EM BREVE, SUA EMPRESA AQUI

20 de nov. de 2022

A cor da pele e preconceito, designer de moda relata sobre racismo no mundo das passarelas

 Foto: Arquivo Pessoal

A cor da pele tem endereço? É difícil vencer o preconceito quando ele tem cor, raça? Estes questionamentos ainda são bem presentes na sociedade atual, sobretudo quando relatos de negros e negras evidenciam os desafios sofridos para se inserirem no mercado de trabalho, para terem o reconhecimento profissional e/ou simplesmente para serem aceitos como cidadãos e cidadãs. Neste domingo (20 de novembro) celebra-se o Dia Nacional da Consciência Negra e para marcar a data, o Cidadeverde.com/picos contará histórias de pessoas que enfrentaram o racismo e inúmeras outras dificuldades por conta da cor da pele.

Empoderada, ativista, empreendedora, modelo, designer de moda e consultora de imagem e estilo. As descrições pertencem a picoense Vanessa Vasconcelos, que fez das passarelas do Piauí e do Brasil seu espaço de luta. Numa época em que meninas para fazerem sucesso no mundo da moda teriam de ser de pele clara, a Vanessa assumiu sua identidade: negra, cabelo redondo e black power.

Sua postura autêntica, irreverente, não foi o bastante para superar o preconceito que sempre rondou seu universo. Vanessa relata ter perdido oportunidades de trabalho e em outras situações não ter recebido o reconhecimento devido em concursos de beleza vencidos.

Já passei e senti muitas dificuldades enquanto pessoa negra para me inserir no mercado, no mundo da moda. Eu comecei a trabalhar como modelo muito nova, nos anos 2000. Uma menina negra, cabelo black power, bem alto, redondo, meu estilo sempre foi forte. Por conta disso, várias oportunidades foram me tiradas do meu caminho, não era pelo talento e sim pela minha aparência. Como por exemplo, eu tive a oportunidade de morar fora do Brasil, mas enviaram uma menina de cabelo liso, de pele mais clara que a minha. Eu nunca baixei a cabeça para esses questionamentos e hoje como profissional qualificada da moda, designer de moda e consultora de imagem  e estilo também já fui questionada por empresas e empresários que julgam que um profissional de pele negra não tem a mesma sabedoria de pele clara.

Vanessa participando do Concurso Miss Latina

Preconceituosos não passarão?! Para a designer de moda, nos tempos atuais racistas não passarão despercebidos. Vanessa relata que com a internet, a independência de conteúdo, qualquer pessoa pode trazer estes casos à tona por meio das redes sociais virtuais e a discussão do tema ser ampliada.

 Nos anos de 2010 à 2016 foram um dos piores anos para mim, por conta que eu passava momentos com pessoas preconceituosas, opressores e eu não poderia falar nada. Hoje não, qualquer um que venha me maltratar eu gravo e posso denunciar isso para o mundo através da internet.

Questionada se o preconceito continua imperando, Vanessa analisa que ele está velado, dentro dos lares, onde as pessoas passaram a manifestar seu preconceito contra negros e negras.

Eu não percebo uma mudança social no que diz respeito ao preconceito contra negros e negras. O que eu percebo é que quem é racista e preconceituoso está por aí, não deixa de ser. Mas ele está de boca fechada, escondido, manifesta seu preconceito, racismo, dentro da própria casa. Hoje nós temos voz, existe Lei contra isso. 

As matérias que trazem relatos de negros e negras de Picos, que passam por situações preconceituosas, tem seu início na história de vida da Vanessa Vasconcelos. Na segunda-feira (21) o Cidadeverde.com/picos te apresentará mais uma história em que a cor da pele foi margem para o preconceito, mas que não desconstruiu a capacidade profissional de uma mulher negra e advogada.

 

Paula Monize

paulamonize@cidadeverde.com/picos

Nenhum comentário:

Postar um comentário