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11 de nov. de 2022

Mata atlântica produz 50% dos alimentos consumidos pela população brasileira, diz levantamento

 Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

A mata atlântica, que é ao mesmo tempo o bioma mais devastado do Brasil e um dos dos principais "hotspots" da biodiversidade do planeta, produz 50% dos alimentos consumidos pela população brasileira.

Com uma a?rea agri?cola de aproximadamente 70 milho?es de hectares, responde for 97% da maçã, 90% do feijão preto, 90% do café conilon, 63% dos ovos, 63% da banana e 54% da batata, entre outros. É também do bioma que saem 30% da produc?a?o vegetal de na?o alimentos, como fibras, la?tex e algoda?o, e 62% de cabec?as de animais, bovinos, ovinos, aves, sui?nos consumidos no pai?s.

Lançada pela ONG SOS Mata Atlântica nesta semana na COP27, a análise foi coordenada pelos pesquisadores Luís Fernando Guedes Pinto, Jean Paul Metzger e Gerd Sparovek e elaborada a partir da reunia?o de diversos estudos e dados secunda?rios sobre a situac?a?o fundia?ria, o uso da terra e a produc?a?o agropecua?ria na mata atla?ntica.

"A gente resolveu lançar essa análise na conferência climática para chamar a atenção do mundo para a mata atlântica e também para chamar a atenção do Brasil", explica Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica.

A entidade vem buscando não apenas internacionalizar a importância do bioma, especialmente por meio da agenda de restauração florestal, mas aproximá-lo do dia a dia das pessoas, ele explica, agora por meio da sua relevância para a produção alimentar.

O bioma, que está presente em 3.429 munici?pios de 17 estados e ocupa 15% do territo?rio nacional, abriga 27% das terras agropecua?rias e 40% dos estabelecimentos rurais no Brasil, em paisagens que foram profundamente transformadas como resultado de ciclos econo?micos desde o início da colonização portuguesa.

Atualmente, a maior parte da a?rea antropizada -isto é, cujas características originais foram alteradas- da mata atlântica e? ocupada por pastagens, que cobrem 25% de todo o seu territo?rio.

Desde 1985, a a?rea de pastagem degradada vem dando lugar à agricultura e a florestas plantadas, mas, ainda assim, o bioma ainda tem cerca de 4 milho?es de hectares severamente degradados, o que corresponde a uma a?rea similar ao estado do Rio de Janeiro.

A erva-mate, cujas folhas eram utilizadas pelos indi?genas para a produc?a?o de uma espe?cie de cha? estimulante chamado de ka'ay, é a única espécie nativa da mata atlântica com produção expressiva -97% dela ainda é mantida no bioma e concentrada na região Sul do país.

Em uma entrevista recente, Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, afirmou que mais de 450 municípios têm essa espécie entre as suas maiores fontes de renda, uma cadeia direta e indireta que gera cerca de 600 mil empregos, número similar à indústria automobilística brasileira.

Além da produc?a?o agri?cola de consumo direto para alimentac?a?o da populac?a?o brasileira, a mata atlântica tem participação na produc?a?o de commodities para exportac?a?o, respondendo por 46% da produção de cana-de-açúcar, 34% da produção de milho e 32% da produção de soja.

"Esse resultado é alcançado com uma área de uso agropecuário e emissões de gases de efeito estufa comparativamente menores que a do cerrado, que se tornou o paradigma e referência da agropecuária nacional nas últimas décadas a partir do cultivo de monoculturas em larga escala e em grandes propriedades", ressalta Guedes Pinto.

A mata atlântica, ele destaca, emite somente 26% dos gases de efeito estufa do setor agropecuário, como aponta também o relatório.

As pequenas propriedades são predominantes e, agregando assentamentos rurais, somam 35% do bioma, com o Espi?rito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro e Parana? registrando os menores i?ndices de desigualdade de distribuic?a?o da terra, abaixo da me?dia do Brasil.

Segundo Guedes Pinto, além do potencial agrícola, a mata atlântica tem muito a contribuir para as soluções climáticas e poderia conquistar a neutralidade das emissões geradas pelo uso da terra nas próximas décadas por meio da combinac?a?o do fim do desmatamento até 2030, da restaurac?a?o florestal de 15 milhões de hectares e da promoc?a?o da agricultura de baixo carbono.

Entretanto, no primeiro semestre de 2022, um total de 21,3 mil hectares de floresta, uma área equivalente a 117 campos de futebol/dia, foi desmatado na mata atlântica, de acordo com dados de sistema de alertas do Mapbiomas. Além disso, a implementação do Código Florestal não tem avançado substancialmente e, em diversos estados, há uso excessivo de agroto?xicos.

Assim como em relação ao desmatamento da Amazônia, caberá ao novo governo dar respostas não apenas para conter os danos agravados nos últimos anos, destaca a entidade, mas também para acelerar a construção de novas oportunidades econômicas que conciliem proteção florestal, produção alimentar, mitigação e resiliência climática.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

 

Fonte: Folhapress (Cristiane Fontes) 

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