Na cidade de Teresina encontram-se sedimentos históricos que remontam a um período remoto. O Parque Floresta Fóssil, situado na Avenida Raul Lopes, na zona leste de Teresina, é um museu a céu aberto que resgata a história da região por meio de troncos de árvores fossilizadas que datam 280 milhões de anos atrás. Surpreendentemente, esses troncos pertencem a uma floresta que existia antes mesmo da era dos dinossauros.
Jailson Soares/ODIAFloresta Fóssil de Teresina
Esse sítio arqueológico, de fácil acesso e boa visibilidade, se estende por 13 hectares e abriga cerca de 70 troncos históricos, que foram fossilizados naturalmente ao longo das eras por sedimentos provenientes da formação geológica Pedra de Fogo, datando a era Permiano, período em que o supercontinente Pangeia se formou.
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O paleontólogo Juan Cisneiros, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), explica que na época em que os troncos eram “vivos”, Teresina possuía uma floresta parecida com as da região sul do Brasil. “Os troncos que vemos aqui são parentes dos pinheiros e das araucárias. Naquela época, Teresina tinha uma floresta com árvores muito diferentes do que temos hoje. E, além disso, tinha um clima mais frio”, destaca o professor.
Jailson Soares/ODIAJuan Cisneiros, paleontólogo da UFPI, estuda o local há mais de 10 anos
Em termos geográficos, Teresina é a única capital brasileira a abrigar uma floresta fóssil em pleno centro urbano. Nas Américas, os tipos de troncos fossilizados encontrados nessa floresta só existem em Teresina e no Parque de Yellowstone, nos Estados Unidos. Em 2010, o Parque Floresta Fóssil foi reconhecido como um patrimônio histórico, sendo tombado pelo Ministério da Cultura.
Jailson Soares/ODIASítio arqueológico guarda vestígios de 280 milhões de anos atrás
Juan Cisneiros afirma que a fossilização das árvores ocorreu devido a um processo demorado e complexo envolvendo um mineral presente no solo. “Esses troncos ‘morreram’ e foram cobertos por lamas ricas de silício, um mineral que quando entra em um organismo consegue preservá-lo, e assim as bactérias não os degradam”, pontua Juan Cisneiros.
Devido ao fato de nunca ter sido escavado, o local está sempre revelando novos vestígios do passado. ”O que a gente conhece é aquilo que o rio está constantemente expondo para nós. E como o rio é um ambiente dinâmico e está sempre em movimento, a cada ano a gente encontra troncos diferentes que não tínhamos visto em anos anteriores”, acrescenta.
Jailson Soares/ODIAFossilização das árvores ocorreu devido ao silício
O Parque Floresta Fóssil também está prestes a se expandir com o Museu da Paleontologia, que será construído nas proximidades. Esse complexo promete oferecer exposições, salas de apoio a pesquisadores, auditório e um mirante. A expectativa é que o museu impulsione o geoturismo na região, trazendo viajantes tanto do Piauí quanto de outras partes do Brasil e do mundo para explorar este patrimônio.
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