Foto: Fernando Bizerra/Agência Senado
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, pediu perdão ao povo negro pela atuação da entidade durante a escravidão.
A declaração foi feita por meio de nota divulgada neste sábado (18), como resposta ao MPF (Ministério Público Federal). A instituição conduz uma apuração sobre envolvimento do banco com o tráfico e com traficantes de pessoas escravizadas no século 19.
"Direta ou indiretamente, toda a sociedade brasileira deveria pedir desculpas ao povo negro por algum tipo de participação naquele momento triste da história. Nesse contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas versões predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país", diz Tarciana, que é a primeira mulher negra a presidir a entidade.
"O BB não se furta a aprofundar o conhecimento e encarar a real história das versões anteriores da empresa", disse ainda.
A investigação do MPF surgiu a partir de uma demanda de um grupo de pesquisadores. De acordo com ele, o vínculo com os recursos provenientes do tráfico de africanos escravizados teria se mostrado ainda mais profundo pelo banco refundado em 1853, após a aprovação da Lei Eusébio de Queirós, que aboliu o tráfico negreiro no Brasil.
Segundo documento do MPF, os historiadores ressaltam a relação de "mão dupla" do banco com a economia escravagista da época, que se refletia no comando da instituição, composto em boa parte por pessoas ligadas ao comércio clandestino de africanos e à escravidão.
Por sua vez, o banco, na nota em que pediu desculpas, destacou que tem uma atuação em prol da diversidade e que realiza ações neste sentido.
Dentre as medidas destacadas, há uma cláusula de fomento à diversidade em contratos com fornecedores, além da promoção de workshops e prêmios neste mesmo âmbito.
Outra medida é a criação de um edital de empoderamento socioeconômico de mulheres negras, que apoia o fortalecimento institucional das organizações sociais e empreendimentos econômicos solidários urbanos e rurais de mulheres negras.
O lançamento, segundo o banco, ocorrerá ainda em novembro e a seleção das propostas vai até fevereiro do ano que vem.
Após o posicionamento do BB, a Uneafro, organização do movimento negro, divulgou uma nota em que promete a construção de uma campanha nacional por reparações, na qual a do banco seria somente a primeira.
"Precisamos buscar reparação também de outras instituições financeiras, empresas seculares e famílias que têm suas riquezas relacionadas à escravidão", diz a entidade.
Fonte: Folhapress (MARIANNA HOLANDA)
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