Foto: Reprodução/ Elayne Silva
Por Elinalva Sousa (estagiária)
Revisão: Paula Monize
O dia 19 de Abril é destinado aos povos Indígenas. A data é um marco importante para a preservação e valorização da diversidade cultural, da história, e da luta pela visibilidade e igualdade social dos povos originários. Em razão dessa representatividade, o Cidadeverde.com/picos vai contar histórias de comunidades indígenas que vivem no Estado do Piauí, suas realidades que respiram resistência e busca por direitos.
Trazendo um recorte histórico, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil para explorar o território, os povos indígenas já habitavam nestas terras. Eles foram escravizados e obrigados a trabalharem forçadamente, oferecendo mão-de-obra nas lavouras de café e canaviais de cana de açúcar e outros trabalhos braçais. Além de serem silenciados a não praticarem suas culturas e os seus modos de vidas.
De acordo com o Censo do IBGE de 2022, existem cerca de 1.693.535 indígenas. Já o Piauí é o 5° estado com o maior número de pessoas que se auto declaram como povos originários, possuindo 7.198 indígenas. Em terras piauienses, vivem os povos indígenas das comunidades Aldeia Nazaré, do município Lagoa de São Francisco; Aldeia Ukair, do povo Guajajara, em Teresina e a Aldeia dos Cariri de Serra Grande, no município de Queimada Nova.
Foto: Elayne Silva
Foi com voz de orgulho das origens que a coordenadora da educação escolar indígena da Secretaria Estadual de Educação, Aliã Wamiri Guajajara, da Aldeia Ukair, em Teresina, destaca que todo dia deve ser usado para conscientizar sobre respeito aos povos indígenas.
“Essa importante data traz um momento de reflexão de diversidade de 305 povos indígenas existente no nosso país, traz às nossas representações de pensamentos e além de contribuir para a diversidade cultural, essa também é uma importante data porque ela mostra um momento de reflexão sobre a luta contra o preconceito com pessoas indígenas. Nós queremos um país que traga a democracia, os direitos humanos dos povos em todas as instâncias de saúde, educação, cultura e bem viver que possam ainda ter muitas datas porque todo dia é dia dos povos indígenas no nosso país”, disse a escritora.
Foto: Aliã Wamiri
Luta pela Terra e por Direitos
A luta dos povos indígenas por uma sociedade mais justa e inclusiva começa pelo direito às terras, já que povos originários lutam pela titulação dos seus territórios. A primeira Comunidade Indígena do Piauí foi titulada no dia 19 de abril de 2021. A Aldeia dos Cariri de Serra Grande dos Índios, no município de Queimada Nova-PI, o processo da titulação ocorreu pelo Instituto de Terras do Piauí (INTERPI), mas quatro anos depois ainda não foi homologada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI).
A Cacique Maria Francisca da Aldeia dos Cariri fala sobre a luta da titulação e das políticas públicas voltadas para a comunidade.
“Aqui nós estamos aqui nessa comunidade com numa média de 130 pessoas e com 39 famílias nesta comunidade. A nossa luta essa é constante vemos aí desde o início que a comunidade se auto declarou como indígena, a gente estamos na luta pela terra, já conquistamos o título da terra, doado pelo Governo do Estado, mas tamo na luta para receber as políticas públicas é que vai nos sustentar e ter o direito de sermos e vivermos na terras com os nossos direitos” frisou a cacique.
Foto: Humildes Ferreira
A coordenadora do Museu dos Povos Indígenas do Piauí, Elyane Silva, fala da importância da preservação e da história do seu povo.
“A maior conquista aqui dos povos indígenas no Piauí, é o “Museu Maria Francisca”, esse museu ele existia já desde de 2016, que era comunitário, quando começou pela juventude, pelos jovens, pela organização, então aqui guardava a história desse povo que habitou por aqui, que ainda habita. com o passar do tempo gente pediu para ser uma sede própria pra gente, que a gente não tinha uma sede aqui no nosso município, a gente pediu para o estado e ganhamos uma sede, foi inaugurada no dia 30 de Agosto de 2023, então é uma sede bem nova ainda, bem recente e ganhamos em nível estadual, hoje temos um museu dos povos indígenas que não conta história apenas dos povos indígenas da Aldeia Nazaré, mas sim do estado do Piauí, pra quem sabe dentro do estado do Piauí tem mais 6 etnias”, ´pontuou a coordenadora.
Outras lutas dos povos originários são a implantação da educação indígena nas escolas, por políticas públicas, acesso a trabalho e inclusão na sociedade longe dos olhares de preconceito.
‘O maior desafio da nossa aldeia contexto urbano é a assistência social que ainda é muito negada e falta de empregos para algumas pessoas, de apoio no sistema de saúde no sistema de colaboração social que a gente ainda está ainda faltando, hoje na nossa aldeia aqui em Teresina a gente busca realizar atividade culturais e educativas dentro da aldeia, pra ter uma alta sustentabilidade e apoio de parcerias, a gente faz artesanatos pra vender, a gente faz atividades de medicinas da terra, como escaldas pés, chás, para manter a nossa economia criativa e gerar uma renda pra aldeia no contexto urbano manter” enfatiza Aliã Wamiri.
Reconhecer para mudar
Até meados de 2022, a data de 19 de abril era celebrada como Dia do índio. Mas através de uma mudança legal, o decreto-lei criado pelo então presidente Getúlio Vargas, passou nos tempos atuais a ser reconhecido como Dia dos Povos Indígenas.
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