A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (30)
permitir que o governo Trump revogasse o status legal temporário de mais de 500
mil imigrantes da Venezuela, Cuba, Haiti e Nicarágua que vivem nos EUA.
O tribunal suspendeu a ordem da juíza distrital Indira Talwani, de
Boston, que suspendia a iniciativa do governo de encerrar a 'liberdade
condicional' imigratória concedida a 532.000 desses migrantes pelo antecessor
de Trump, Joe Biden.
Na decisão, Talwani disse que os casos não podem ser feitos em conjunto,
mas analisados individualmente.
Após a decisão, o governo Trump entrou com um recurso de emergência.
O tribunal também permitiu em outra decisão do dia 19 de maio que o
governo revogasse o status legal temporário de cerca de 350 mil imigrantes
venezuelanos em outro caso.
A iniciativa que concedeu status legal foi implementada pelo governo
Biden em 2023 depois de ter sido lançado originalmente em 2022 apenas para
venezuelanos. Para conseguir o status de legal, os imigrantes baixavam um
aplicativo e cadastrava seus dados. Na época, a administração federal defendeu
que isso permitiria uma melhor triagem de quem entrasse no país e as travessias
ilegais nas fronteiras.
Desde que entrou no governo, Trump tem feito uma ofensiva diretamente
contra o programa, buscando revogar o status deles. Em março, houve uma decisão
para que esses 532 mil imigrantes deixassem os Estados Unidos, algo revogado e
agora novamente liberado pela Suprema Corte.
Mais detalhes da decisão da Suprema
Corte
A ordem judicial foi emitida em caráter emergencial e não apresentou
justificativa. Duas das três juízas liberais do tribunal, Ketanji Brown Jackson
e Sonia Sotomayor, discordaram publicamente.
Em uma opinião anexa, Jackson escreveu que o tribunal 'errou na
avaliação sobre se a administração tinha o direito de congelar a decisão de
Talwani enquanto o litígio estava pendente'. Segundo ela, o resultado
'subestima as consequências devastadoras de permitir que o governo destrua
precipitadamente as vidas e os meios de subsistência de quase meio milhão de
não cidadãos enquanto suas reivindicações legais estão pendentes'.
Em meio a isso, o Serviço de Alfândega e Imigração dos EUA, o ICE,
recebeu uma orientação do governo federal para a prisão de três mil imigrantes
irregulares todos os dias. Com isso, o número anual de detenções ideal seria de
um milhão.
A informação foi divulgada por diversos veículos, como Axios, The
Guardian e Bloomberg.
Essa diretriz teria sido repassada pelo conselheiro sênior Stephen
Miller e pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, para os agentes da
imigração.
Mil dólares para imigrantes
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos afirmou no início
do mês que o governo Trump irá pagar US$ 1 mil (cerca de R$ 5,6 mil) para os
imigrantes ilegais no país que desejam sair voluntariamente.
Segundo a pasta revelou, eles também pagarão assistência de viagem. Além
disso, a pessoa que vai sair do país e usa o aplicativo para emigração podem
informar ao governo que planejam ir embora e serão 'despriorizadas' para
detenção e remoção pelas autoridades.
'Se você está aqui ilegalmente, a
autodeportação é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os
Estados Unidos e evitar a prisão. O Departamento de Segurança agora oferece aos
imigrantes ilegais assistência financeira para viagens e um auxílio para
retornar ao seu país de origem por meio do aplicativo CBP Home', disse a
secretária Kristi Noem em comunicado, segundo a Associated Press.
Segundo a agência, o auxílio e a possível passagem aérea para migrantes
que partem voluntariamente custariam menos do que uma deportação propriamente
dita. O departamento diz que o custo médio para prender, deter e deportar
alguém sem status legal é atualmente de cerca de US$ 17 mil.
O valor será enviado ao chegarem no país de origem, de acordo com a
secretária.
O comunicado ainda completa afirmando que se essas pessoas optarem por
sair podem ajudar a 'ajudar a preservar' a possibilidade de retornar com status
legal.
O governo Trump tem realizado uma forte campanha de deportação em massa
de imigrantes ilegais, em especial aqueles cadastrados dentro do aplicativo CBP
Home, criado pelo governo Biden sob o nome de CBP One para dar lar aos
imigrantes que estavam sem a documentação para se manter nos EUA.
Ao mesmo tempo em que busca medidas legais para acelerar a deportação, a
administração tem realizado uma ofensiva para que esses imigrantes se
autodeportem, sem a necessidade de um processo na Justiça.
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