O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT) apresentou denúncia à Justiça contra o atacante
Bruno Henrique, do Flamengo, por suspeita de envolvimento em fraudes relacionadas
a apostas esportivas e por prática de estelionato.
O QUE ACONTECEU
De acordo com a denúncia, o jogador teria forçado a aplicação
de um cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos, realizada em 1º
de novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O MP sustenta que
familiares e pessoas próximas ao atleta fizeram apostas direcionadas a esse
tipo de ocorrência, o que configura uso de informação privilegiada.
Além de Bruno Henrique, outras oito pessoas também foram
denunciadas, entre elas o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Junior, apontado
como um dos articuladores das apostas. A defesa de Bruno Henrique informou que,
por ora, não comentará o caso. O processo tramita na 7ª Vara Criminal de
Brasília.
DETALHES DA ACUSAÇÃO
Segundo o MPDFT, houve planejamento para que Bruno Henrique
recebesse o cartão amarelo nos minutos finais da partida, o que de fato
ocorreu. A promotoria afirma que a ação fere os princípios da ética esportiva,
compromete a integridade das competições e prejudica os consumidores das
plataformas de apostas.
A proposta de acordo de não persecução penal foi recusada pelo
MP, que considerou a gravidade dos fatos incompatível com a concessão do
benefício. Para os promotores, o jogador tinha plena capacidade de evitar a
prática criminosa e deveria servir como exemplo de conduta para o público,
especialmente jovens e crianças que o acompanham.
O órgão também solicitou à Justiça o pagamento de fiança no
valor de R$ 2 milhões, a ser usada como eventual indenização por danos morais
coletivos. O pedido se baseia no risco de o atleta não comparecer aos atos
processuais, considerando sua rotina de deslocamentos internacionais.
O Ministério Público ainda requisitou apurações iniciais
sobre possíveis fraudes em apostas envolvendo corridas de cavalos.
LISTA DOS DENUNCIADOS
Bruno Henrique Pinto – Jogador do Flamengo, acusado de
manipular intencionalmente o recebimento de cartão amarelo.
Wander Nunes Pinto Junior – Irmão do atleta, apontado
como responsável por instigar e executar apostas.
Ludymilla Araujo Lima – Companheira de Wander, teria
cedido dados para as apostas.
Poliana Ester Nunes Cardoso – Prima de Bruno Henrique,
também teria apostado com base em informação privilegiada.
Claudinei Vitor Mosquete Bassan – Amigo de Wander,
suspeito de disseminar a informação e organizar apostas.
Rafaela Cristina Elias Bassan – Esposa de Claudinei,
disponibilizou conta bancária para as apostas.
Henrique Mosquete do Nascimento – Irmão de Claudinei,
fez apostas no mesmo contexto.
Andryl Sales Nascimento dos Reis – Teria apostado várias
vezes e interagido com o grupo sobre os lucros.
Max Evangelista Amorim – Apontado como integrante do
grupo, comemorou ganhos em áudios.
INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL
A apuração começou após casas de apostas identificarem um
volume atípico de apostas direcionadas a cartões para Bruno Henrique no jogo
contra o Santos. Em uma das plataformas, 98% das apostas neste tipo de mercado
apontavam para a punição do atacante.
Em novembro de 2024, a Polícia Federal cumpriu 12 mandados de
busca e apreensão em municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A
investigação resultou no indiciamento de Bruno Henrique e de outras nove
pessoas em abril deste ano.
Com a conclusão do inquérito, o Ministério Público avaliou os
elementos reunidos pela PF e decidiu formalizar a denúncia à Justiça.