Nos últimos meses, os departamentos de polícia do Piauí têm realizado prisões de pessoas com maior poder aquisitivo, envolvidas com o tráfico de drogas. Um dos casos mais recentes foi o de um estudante de enfermagem, preso na última semana com cocaína avaliada em R$ 3,5 milhões. A situação chama a atenção da população por envolver indivíduos sem histórico criminal conhecido.
Nesta segunda-feira (2), o coordenador do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), delegado Samuel Silveira, afirmou que casos como esse têm se tornado cada vez mais comuns no estado.
“Situações como essas são, na verdade, comuns. A variável é apenas ele estar em uma universidade particular, pois esses perfis de pessoas têm mais recursos. Nós já prendemos estudantes de várias áreas, advogados, pessoas de diversas profissões. Temos também a questão do transporte aéreo de drogas. Mas isso tudo não diverge da nossa rotina”, explicou.
Para o delegado, a prisão de pessoas com melhor qualidade de vida impacta diretamente a 'crença popular' de que apenas indivíduos em situação de pobreza entram para o tráfico de drogas.
“Essa ideia de que alguém entra para o crime por ser a única opção, no meu ponto de vista, não pode ser tratada como uma verdade. Vistos os exemplos que nós temos. Além disso, no Piauí existe um reforço no sistema educacional que melhora as oportunidades e impacta positivamente na segurança pública”, completou.
Desde que assumiu o comando do Denarc, em março de 2024, Samuel Silveira já coordenou cerca de 140 operações de combate ao tráfico. A maior quantidade de droga apreendida ocorreu no início deste ano.
Fotos: Divulgação / SSP-PI
“No começo do ano, apreendemos 180 kg de maconha. E, após a prisão do estudante de enfermagem por outro departamento, fizemos uma nova apreensão de 30 kg de cocaína, oriunda da mesma investigação, que já estava em andamento contra dois depósitos para onde essa droga seria levada. Um dos depósitos estava vazio — justamente onde a droga apreendida com o estudante seria armazenada”, relatou o delegado.
Samuel Silveira esclareceu ainda que a imagem de um tablet de droga com uma suposta referência a um ministro boliviano não indica a origem da substância. Segundo ele, facções criminosas costumam utilizar símbolos próprios para marcar a autoria e a “qualidade” da droga, funcionando como uma espécie de marca comercial.
Ele explicou que o tráfico é a principal fonte de financiamento dessas facções e que, embora o Brasil produza maconha — inclusive o Piauí —, drogas como cocaína e crack são importadas.
Por sua localização geográfica, o Piauí se tornou uma rota de passagem para essas drogas, funcionando como corredor para estados como Ceará e Pernambuco, que têm portos com ligação direta ao mercado internacional. O delegado apontou ainda a fragilidade da fiscalização nas fronteiras como um dos principais fatores para o fortalecimento das facções, que hoje são o maior desafio da segurança pública no país.
Fonte Cidade verde
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