O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse, nesta segunda-feira (18), que ainda não retomou contato direto com secretário do tesouro americano Scott Bessent, depois do cancelamento da reunião prevista para a semana passada.
Haddad disse que ao divulgar o compromisso, sabia que poderia acabar instigando a extrema direita a se mobilizar contra a tentativa de negociação - o que de fato aconteceu, mas que assim ficaria demonstrado que a responsabilidade pelo impasse não é do governo brasileiro. Ele ainda afirmou que os Estados Unidos tentam impor ao Brasil uma solução que não está prevista na Constituição.
Temos documentos oficiais demonstrando que negociação só não ocorre porque querem impor solução inconstitucional, que é o executivo se envolver com assuntos judiciários. Constituição não permite, gerou impasse, pediram o que não pode ser entregue
Fernando Haddad também afirmou que se preocupa com a comunidade global quando um país usa de seu poder econômico e militar para constranger outros países a adotarem regras que não estão previstas em suas legislações.
E que espera uma queda no comércio bilateral, apesar de não acreditar que a guerra tarifária vai se prolongar por muito tempo.
O ministro também defendeu que o Brasil precisa superar polarização a polarização política interna, que ele chamou de Fla Flu, para reconstruir a relação com os americanos.
E disse que o tarifaço deixa a impressão de que os Estados Unidos se arrependeram de defender a globalização por décadas diante do crescimento da China, e que agora tentam mudar as regras do jogo, causando perplexidade em todo o mundo.
Fernando Haddad também afirmou que regimes mais duros, como o de Donald Trump, têm mais dificuldade em se abrir pra negociação, a não ser que contraparte seja igualmente dura, e citou como exemplo a reunião entre o presidente americano e Vladimir Putin sobre a guerra com a Ucrânia.
E defendeu que o Brasil deve seguir pelo caminho da diplomacia, considerando o histórico de cooperação internacional do país e a correlação de forças diferente.
Ele ainda afirmou que o governo brasileiro busca aproximação ao Brics tanto quanto à União Europeia, e que acredita que o acordo comercial entre o bloco e o Mercosul deve sair até o fim do ano.
Fonte cbn