Ocupação da Mesa Diretora do Senado pela oposição passa de 40 horas

Ocupação da Mesa Diretora do Senado pela oposição passa de 40 horas

leandro santos
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Já passa de 40 horas a ocupação da Mesa Diretora do Senado por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na madrugada desta quinta-feira (7), vários senadores se revezaram no bloqueio, incluindo Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. Eles dizem que só deixarão o local quando for pautado o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que não aceitará intimidações e convocou para esta quinta, às 11h, uma sessão deliberativa remota. A ideia é votar a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos.

Na Câmara, após 36 horas de motim dos bolsonaristas, o presidente Hugo Motta conseguiu reocupar a própria cadeira por alguns minutos e o protesto radical foi encerrado. Emparedado pelos defensores de Bolsonaro e dos golpistas de 8 de janeiro, Motta só conseguiu chegar à Mesa Diretora às 22h30, duas horas depois do horário previsto:

'Está aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro, iniciamos os nossos trabalhos. Quero convidar os demais membros da mesa para tomarem seus assentos pela gravidade do momento e solicitar aos demais parlamentares que deixem um espaço para a mesa trabalhar e possam ir aos seus lugares. Quero contar com a colaboração de todos para que tenhamos o respeito. Não vai ser na agressão que nós vamos resolver esse problema'.

Impedido de comandar a Câmara, Hugo Motta chegou a ameaçar suspender por seis meses o mandato dos parlamentares amotinados e usar a Polícia Legislativa para retirar os deputados. Para tentar evitar a intervenção policial, a deputada Júlia Zanatta, do PL, levou a filha de 4 meses para o plenário e escreveu nas redes sociais que estava usando a criança como escudo.

Hugo Motta disse que democracia não se negocia e que os projetos pessoais não podem estar acima dos interesses da população:

'Nós tivemos um somatório de acontecimentos recentes que nos trouxeram a esse sentimento de ebulição dentro da Casa, mas é justamente nessa hora que nós não podemos negociar a nossa democracia. E penso que nesta Casa mora a construção dessas soluções para o nosso país, que tem que estar sempre em primeiro lugar e não deixarmos que projetos individuais, projetos pessoais ou até projetos eleitorais possam estar à frente daquilo que é maior do que todos nós, que é o nosso povo, que é a nossa população, que tanto precisa aqui das nossas decisões'.

Os líderes da oposição disseram que aceitaram encerrar o motim em troca de um acordo que prevê tramitação da PEC que acaba com o foro privilegiado e o projeto da anistia. O objetivo dos oposicionistas é usar a PEC para evitar o julgamento de Bolsonaro no STF e levar o caso para a primeira instância.

Os deputados Nikolas Ferreira, do PL, e Sóstenes Cavalcante, líder do partido, disseram que o grupo saiu vitorioso e que os projetos serão pautados na semana que vem:

' lideranças é que, na próxima semana, nós abriremos os trabalhos desta casa pautando a mudança do foro privilegiado para tirar a chantagem que muitos parlamentares, deputados e senadores, vêm sofrendo por parte de alguns ministros do STF. Junto com o fim do foro, nós pautaremos 'a anistia dos presos políticos'.

Nikolas Ferreira: 'Caso isso não acontecer, nós vamos lutar muito mais forte. Hoje nós ganhamos o Congresso'.

Sem pedido de impeachment de Moraes

O motim dos deputados e senadores da oposição começou após a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. No Senado, usando a mesma narrativa que levou o governo americano a impor sanções a Alexandre de Moraes, eles alegam que o ministro cometeu abusos; violou os direitos humanos e deve ser afastado das funções.

No entanto, um dos principais aliados de Bolsonaro, o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira, disse que não assinou o pedido de impeachment porque a oposição não tem votos suficientes para aprovar a proposta:

'Eu não assinei e não vou assinar o impeachment do ministro Alexandre, porque é uma pauta impossível, não adianta. Nós não temos 54 senadores para aprovar, e aqui fala uma pessoa que, durante meus 32 anos de mandato, se tornou uma pessoa muito pragmática, não perco tempo com pautas que não vão ter sucesso. Nós não temos no atual Senado 54 senadores. Eu conheço o presidente da Casa, o presidente Davi Alcolumbre. Pode chegar com 80 assinaturas que ele não abre, é um poder do presidente do Senado. Então essa pauta eu não vou perder tempo com ela'.
Fonte CBN
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