O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (23) que será candidato à reeleição nas eleições de 2026. O anúncio, feito durante viagem oficial à Indonésia, marca a primeira declaração pública direta de Lula sobre o tema desde o início do mandato.
A revelação aconteceu ao lado do presidente indonésio Prabowo Subianto, durante um discurso no palácio presidencial. Sorridente, Lula afirmou que completará 80 anos “com a mesma energia de quando tinha 30”.
Vou disputar um quarto mandato no Brasil. Estou dizendo isso porque ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Meu primeiro mandato termina no fim de 2026, mas estou preparado para disputar outras eleições e fortalecer a relação entre Indonésia e Brasil”, disse o petista.
O tom descontraído do anúncio não diminuiu o peso político da fala. Nos bastidores, aliados do governo já vinham indicando que Lula pretendia concorrer novamente, mas a confirmação oficial surpreendeu até mesmo integrantes da comitiva.
O presidente aproveitou o encontro para defender o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Indonésia, ressaltando a importância da cooperação entre países emergentes e o papel do Brics, bloco do qual a Indonésia se tornou membro pleno neste ano.
Nos últimos meses, Lula havia deixado no ar a possibilidade de concorrer novamente, citando preocupações com a saúde e a idade. Em 2022, antes de assumir o terceiro mandato, afirmava que não pensava em reeleição e que seu foco era “deixar o país preparado”.
Agora, o tom mudou. Ao reafirmar disposição e energia, o presidente tenta afastar rumores sobre limitações físicas e reforçar a imagem de liderança firme. “O século 21 exige coragem, mudanças e democracia comercial. Não queremos protecionismo, queremos crescimento e empregos de qualidade”, declarou.
A fala ocorreu em um momento de defesa do multilateralismo — a visão de que as decisões globais devem ser tomadas de forma compartilhada, e não concentradas em poucas potências.
Durante a viagem, Lula também participa de um fórum econômico com cerca de 200 empresários brasileiros e indonésios, buscando ampliar as exportações de proteína animal para o país asiático, que tem a quarta maior população do mundo.
O Brasil já é o terceiro maior fornecedor de proteína animal para a Indonésia, e a meta é aumentar a participação no mercado. O encontro reforça o papel do agronegócio na diplomacia econômica do governo.
VIAGEM ESTRATÉGICA: INDONÉSIA, MALÁSIA E ENCONTRO COM TRUMP MARCAM AGENDA INTERNACIONAL
A visita de Lula ao Sudeste Asiático começou na quarta-feira (22) e inclui paradas em Indonésia e Malásia. A agenda prevê reuniões bilaterais, assinatura de acordos econômicos e uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual o Brasil é parceiro de diálogo.
Na sexta (24), o presidente deve se reunir com o secretário-geral da Asean e participar da cúpula em Kuala Lumpur. O Timor-Leste, novo membro do bloco, também estará presente nas discussões.
O ponto mais aguardado da viagem, no entanto, acontece no domingo (26): um encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O tema central será o tarifaço de 40% imposto por Washington sobre produtos brasileiros.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há expectativa de que a reunião possa reverter as tarifas adicionais. A pauta também deve incluir a crise na Venezuela e as sanções impostas pelo governo norte-americano. A comitiva brasileira é formada pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Fonte Meio Norte