A nova fase da Operação Sem Desconto teve repercussão quase que imediata na CPI Mista do INSS. O presidente da Comissão, senador Carlos Vianna, do Podemos de Minas Gerais, foi bem claro: a ação desta quinta-feira (13) colocou na cadeia o núcleo principal do esquema de desvios. Tanto ele quanto o relator, o deputado Alberto Gaspar, do União de Alagoas, têm claro que são três núcleos no esquema, formado por operadores, servidores públicos e políticos. Carlos Vianna explicou:

“Nós temos com muita clareza que existem três escalões. O terceiro escalão são os operadores e laranjas que receberam e sumiram com o dinheiro. Um segundo escalão que é formado por servidores públicos concursados que se corromperam nesse sistema e que conseguiram passar de governo para governo mantendo os desvios. E um primeiro escalão que é formado por políticos. Pessoas que de governo a governo ajudaram e incentivaram ou indicaram essas pessoas, esses servidores, para continuarem na Previdência. Esse primeiro escalão, a partir de agora, também começa a ser alvo das operações e possivelmente dos depoimentos que serão dados junto ao Supremo Tribunal Federal.”
O senador destacou que um dos trabalhos da Polícia Federal tem sido descobrir onde estão os recursos desviados. No melhor estilo “siga o dinheiro”.
“Esse dinheiro está guardado em algum lugar. Existem locais onde eles guardaram. Porque na soma dos desvios, boa parte foi para o exterior, está guardado em paraísos fiscais, e uma parte desse dinheiro simplesmente desapareceu no Brasil. Esse dinheiro está guardado em algum lugar. Ou ele se transformou em bens, em propriedades, ou então há lugares onde o dinheiro está guardado.”
Um dos presos nesta quinta-feira é o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Ele deixou o cargo em abril, quando foi deflagrada a operação contra os descontos. Em outubro, esteve na CPI, protegido por um habeas corpus.
“Deixa a pessoa agir para que ela possa revelar quais são os próximos caminhos, porque a pessoa se fecha. Vem num habeas corpus aqui, diz que não tem culpa. Mas quando ela sai daqui, ela começa a fazer o papel de limpeza para tentar não se culpar. E é exatamente esse monitoramento que nos ajuda a levar a investigação a cabo.”
