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26 de dez. de 2019

Perenidade do rio Poti está ameaçada



A perenidade do rio Poti no seu baixo curso, que corresponde a área que está no Piauí, está cada vez mais comprometida, com tendência a diminuir, em detrimento tanto do barramento de seus tributários (afluentes), quanto pelo aumento intensivo da exploração das águas subterrâneas e das nascentes, que são considerados fatores relevantes para a manutenção do ecossistema aquático e resiliência ambiental.

Houve um expressivo aumento do solo exposto de 60,6% corroborando com a redução do índice de vegetação entre o período de 1985 e 2015, em função tanto da redução das precipitações para o mês de agosto, tanto devido aos condicionantes climáticos atuantes, como ao desmatamento na área do Baixo Curso do Rio Poti (BCRP). Houve uma escassez de chuvas em 2015 em todo o Estado do Piauí, chegando a secar as grandes lagoas existentes na área.
As impactantes conclusões são da pesquisa “Análise da Capacidade de Resiliência do Ambiente na Área do Baixo Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Poti”, da geógrafa Livânia Norberta de Oliveira, que serviu de base para sua tese de obtenção do grau de doutora em Geografia, junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco.
Segundo Livânia Norberta de Oliveira, as áreas classificadas de vegetação densa, associadas ao tipo cerradão e floresta de babaçu, entre os municípios de Lagoa do Piauí e Teresina, tiveram uma redução de 16,8% aproximadamente entre o período analisado.
Livânia Norberta de Oliveira aponta que a vegetação aberta, caracterizada por ser do tipo caatinga e associada ao solo pobre e pedregoso na área, teve sua área reduzida em torno de 13,7%. 
“Destaca-se que o bioma caatinga presente na área da bacia em pesquisa encontra-se bastante alterado, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. Tendo em vista que o desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária, é notória a degradação da cobertura vegetal e prejuízo à manutenção da fauna silvestre, além de comprometer a qualidade da água, o equilíbrio do clima e do solo”, aponta Livânia Norberta de Oliveira.
Ela informa que na área dessa bacia, aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados, onde há ocupação do homem, exercendo atividades sociais, econômicas e culturais sobre o ambiente.
Baixa vazão diminui capacidade do rio em assimilar a poluição
Crédito: Efrém Ribeiro
Consequência dessa realidade pode ser vista com a presença dos aguapés em extenso percurso sobre o rio. Próximo à Ponte da Primavera, um barco passou com dificuldade em meio às plantas aquáticas.
As pesquisas de Livânia Norberta de Oliveira apontam que a baixa vazão do rio Poti, por um longo período     de tempo, diminui sua capacidade de assimilar a poluição adicionada, sobretudo nas áreas urbanas, como ocorre em Teresina, resultando em graves problemas de qualidade da água, sobretudo para a biota aquática.
“Verifica-se também que durante o período chuvoso, nas áreas rurais e semiurbanas, os solos já compactados durante a estiagem, apresentam reduzida capacidade de absorção da água, e esta passa a escoar sobre a superfície, carreando o material solto, provocando erosões, gerando sulcos que podem se transformar em voçorocas e comprometendo o solo. Este fenômeno é mais frequente nas áreas sobre os Latossolos, comuns na área em pesquisa entre Demerval Lobão e Teresina. Já nas áreas urbanas, devido à impermeabilização do solo, observam-se muitas áreas inundáveis neste período. O escoamento fluvial de um rio sobrevém tanto das águas superficiais, função direta das precipitações atmosféricas, quanto das águas subterrâneas drenadas do sistema aquífero. Os meios hídricos subterrâneos e superficiais formam assim um sistema único em dinâmica e interação. Portanto, qualquer modificação em um desses meios, consequentemente refletirá a curto ou longo prazo em todo o sistema, ressaltando assim a necessidade de um gerenciamento integrado”, mostra a geógrafa.
Assoreamento e seca do rio Poti na zona rural de Teresina-PI em julho de 2014 | Foto da autora
Impacto direto no clima 
Livânia Norberta de Oliveira explica que a retirada da vegetação, tanto na área rural quanto urbana, contribui para a alteração das condições climáticas, visto que a vegetação auxilia no controle da temperatura e da umidade do ar. Dessa forma, observa, as alterações climáticas geradas pelo processo de urbanização sem planejamento, controle e legislação adequada causam impacto significativo sobre a qualidade de vida das populações urbanas, afetando diretamente o clima local.
“O desmatamento descontrolado para a ocupação destes terrenos cobertos por mata de babaçu ocorre com a retirada praticamente total da cobertura vegetal do terreno, na fase de instalação de loteamentos residenciais na cidade de Teresina. Tal prática, próxima às margens

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