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4 de jan. de 2020

50% das dependentes químicas gestantes usam crack no Piauí

Das jovens grávidas ou puérperas com dependência química atendidas em leitos de saúde mental da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina, 50% usavam crack, uma droga com intenso poder de dependência, um número igualmente significativo também faz uso cruzado, de mais de uma substância, a descoberta foi feita em pesquisa realizada, tomando como universo as gestantes e puérperas atendidas em 2018, pela pesquisadora Ellayne Karoline Bezerra da Silva, no estudo “As repercussões sociais para familiares na proteção social de Gestantes ou puérperas que consomem substâncias psicoativas: um estudo de caso na Maternidade Dona Evangelina”, apresentada como tese de seu doutorado em Políticas Públicas, ao Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas do Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), para obtenção do título de Doutora em Políticas Públicas.
Segundo a pesquisa de Ellayne Karoline Bezerra da Silva, publicada no site da Ufpi, as usuárias são procedentes majoritariamente do município de Teresina (17); seguida de outros municípios do Estado do Piauí (8); e de Timon, município do estado do Maranhão (03). De acordo com Ellayne Karoline Bezerra da Silva, das entrevistadas, 12 usuárias faziam uso apenas do crack, 4 usavam crack e maconha, 1 usava apenas maconha, 1 usava apenas cocaína, 1 usava crack e álcool, 1 maconha e álcool, e 8 faziam uso de múltiplas substâncias psicoativas.
“Ou seja, aproximadamente 50% usam o crack, um produto com intenso poder de produzir dependência. Um número igualmente significativo também faz uso cruzado, de mais de uma substância”, afirma Ellayne Karoline Bezerra da Silva. A partir dos questionários adotados pelas profissionais de Psicologia, que geraram um levantamento, transformado em informação assistencial denominado de “Perfil das demandas dos leitos de saúde mental”, foi possível caracterizar as principais informações sobre as usuárias que foram atendidas nos leitos da Maternidade Dona Evangelina Rosa, no ano de 2018.
Foram analisados 28 questionários, e foi constatado que três usuárias deram entrada na Maternidade Dona Evangelina Rosa no período de gestação, apresentando algum problema clínico, ao tempo em que as demais tiveram como motivo da internação o parto, sendo atendidas nos referidos leitos na situação de puerpério.
“Tal informação sinaliza que esse público comumente procura ou é direcionado à Maternidade apenas no momento do parto ou em situações de urgência, não comparecendo às consultas de pré-natal, que por serem caracterizadas como gestação de risco, deveriam ser acompanhadas pela MDER, que cobre todo o Estado do Piauí”, afirma Ellayne Karoline Bezerra da Silva.
Crédito: Raíssa Morais
As usuárias que tinham idade de 20 a 30 anos contabilizaram 18; 9 estavam na idade de 31 a 40 anos; e apenas 1 estava na adolescência, o que demonstra que a maioria, jovem, ao chegar na idade fértil, provavelmente não fazem uso de preventivos, ou seja, estão vulneráveis à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
A pesquisa aponta que 21 das usuárias já possuíam outro filho, e 7 estavam na primeira gestação. Segundo Ellayne Karoline Bezerra da Silva, tal fato leva a indagações se seria uma gravidez desejada, planejada ou ocorreu pelo sexo desprotegido. No que se refere ao estado civil, 13 consideravam-se solteiras, 1 casada e 14 em união estável, o que desmistifica a ideia de que as mulheres, na condição em tela, são todas solteiras, sem referência de companheiros fixos, 50% têm uma pessoa do sexo masculino de referência.Quanto ao nível de escolaridade, a maioria estudou até o ensino fundamental incompleto, mais especificamente, 22 usuárias; 4 pararam os estudos no ensino médio incompleto; 1 com ensino médio completo e 1 considerava-se apenas alfabetizada. “São dados que demonstram a baixa escolaridade, o que a literatura informa como uma situação de vulnerabilidade para gravidez não desejada e, a não continuidade e investimentos em estudos, o que também indica a descrença na escolarização como projeto de mudança de vida, muito comum entre pobres”, informou a doutora em Políticas Públicas.
A inserção no mercado de trabalho, mesmo que de modo informal, ainda é uma lacuna para esse público, diz Ellayne Karoline Bezerra da Silva, que em sua maioria, 25 usuárias, consideravam-se na situação de desemprego; e 3 empregadas, como doméstica, diarista e garçonete, inserção ocupacional comum à baixa escolaridade.
 Prejuízos nas relações familiares e sociais
As duas usuárias entrevistadas pela pesquisadora tinham a idade de 24 e 27 anos, estando ambas vivendo em situação de união estável. A primeira reside com mãe, marido, pai, 3 irmãos e uma filha, configurando-se uma família conjugal ampliada; e a segunda reside apenas com o marido e três filhos, isto é, uma família conjugal.
Crédito:Divulgação
No que se refere aos filhos, ambas têm mais de um filho, respectivamente, 03 e 06 filhos, contando com os recém-nascido. A que informa ter três filhos convive apenas com uma filha (12 anos) e a    que conviverá com o recém-nascido, o outro filho (5 anos, mais ou menos, não soube precisar a idade) está em situação de abrigamento. E a que possui 6 filhos, 4 convivem com ela (recém-nascido, 02, 09 e 11 anos), e dois moram em São Paulo com o pai (2 e 5 anos).
As duas entrevistadas não frequentam a escola, tendo estudado uma até a 8º série e a outra até o 4º       ano do Ensino Fundamental. Residem no Estado do Piauí, uma em Elesbão Veloso e a outra em Teresina, sendo procedentes de  Quixariú – Aiuaba, no Ceará, e Teresina, respectivamente. Não tem emprego fixo, fazendo esporadicamente “bicos”, principalmente faxinas e sobrevivem da renda do Programa Bolsa Família.

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