Após três dias seguidos marcados por mortes em pontos de distribuição de
ajuda humanitária, a Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA e Israel,
anunciou nesta quarta-feira (4) que não fará nenhuma distribuição neste dia.
Eles pressionam as forças israelenses a aumentar a segurança de civis nos
locais.
A fundação pediu para que os militares 'orientem o tráfego de pedestres
de uma forma que minimize os riscos de confusão ou escalada' perto dos
perímetros militares; desenvolvam orientações mais claras para civis; e
aprimorem o treinamento para dar suporte à segurança civil'.
'Nossa principal prioridade continua
sendo garantir a segurança e a dignidade dos civis que recebem ajuda', disse um
porta-voz do grupo à Reuters.
Os últimos dias foram marcados por mais de 50 mortes em locais próximos
à distribuição de alimentos.
Nessa terça (3), ao menos 27 pessoas morreram. Segundo informações
locais, foram feitos disparos por soldados israelenses próximo a um local de
distribuição de alimentos no sul da Faixa de Gaza. Em meio a isso, as
autoridades locais, controladas pelo Hamas, reclamam da distribuição de
alimentos em meio a crise humanitária na região.
O exército israelense disse que suas forças abriram fogo contra um grupo
de indivíduos que haviam saído das rotas de acesso designadas perto do centro
de distribuição em Rafah.
As mortes aconteceram horas depois de Israel revelar que três soldados
morreram durante combates no norte do enclave palestino. A ofensiva militar
israelense na região já dura meses em meio a polêmica sobre como pode ser o
cessar-fogo.
No domingo (1), autoridades palestinas afirmaram que pelo menos 31
pessoas morreram nos ataques a um centro de distribuição de alimento. Já nesta
segunda (2), mais três foram mortos por disparos similares ao que ocorreu nesta
terça (3).
Fundação polêmica
A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA e Israel, lançou seus
primeiros locais de distribuição na semana passada, em um esforço para aliviar
a fome generalizada entre a população de Gaza devastada pela guerra. O plano
ignora a ajuda tradicional e tem sido criticado pela ONU e outras instituições
de caridade que estão proibidas de entrar em Gaza.
O grupo privado disse que distribuiu 21 caminhões de alimentos na manhã
de terça-feira (3) e que a operação de ajuda foi 'conduzida com segurança e sem
incidentes no local'. No entanto, houve relatos de assassinatos repetidos perto
de Rafah, enquanto multidões se reuniam para obter suprimentos desesperadamente
necessários.
ONU votará exigência de cessar-fogo
Em meio a isso, o Conselho de Segurança da ONU deve votar nesta
quarta-feira (4) a exigência de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas e acesso
humanitário em Gaza. A organização critica a pouca ajuda para o enclave
palestino, que chegou a ser bloqueado por 11 semanas.
'É inaceitável. Civis estão
arriscando — e em vários casos perdendo — suas vidas só para tentar conseguir
comida', disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
Ele acrescentou que o modelo de distribuição de ajuda apoiado pelos EUA
e Israel é 'uma receita para o desastre, que é exatamente o que está
acontecendo'.
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