O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que encontrou
um Brasil "semi-destruído" ao reassumir o comando do país e comparou
a situação deixada pelo governo de Jair Bolsonaro à devastação na Faixa de
Gaza. A declaração foi feita durante entrevista ao podcast Mano a Mano, do
rapper Mano Brown, divulgada nesta quinta-feira.
'Eu olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando
o Brasil que nós encontramos', disse o presidente.
Lula afirmou que encontrou pastas como os ministérios do
Trabalho, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Cultura desmontadas de forma
proposital. Segundo ele, o governo anterior eliminou estruturas que poderiam
fortalecer a organização social.
Durante a entrevista, o presidente também avaliou o cenário
político internacional como confuso, com avanço de uma “extrema-direita
virulenta”, citando diretamente o ex-presidente norte-americano Donald Trump.
No contexto brasileiro, Lula defendeu que “os golpistas precisam ser derrotados
em 2026”.
O presidente ainda respondeu às críticas de que a percepção
de melhora da economia, defendida por seu governo, não chegou à população. Lula
reconheceu que os avanços ainda não são amplamente sentidos, mas prometeu que
os efeitos chegarão ainda este ano.
'A melhoria está chegando na sua mesa. Se não chegou ainda
como é importante que chegue, vai chegar', afirmou.
A segurança pública — tema sensível ao governo, segundo
pesquisas — também foi abordada. Lula ressaltou que a responsabilidade
principal pela área é de estados e municípios, e defendeu a aprovação da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da segurança pública, em tramitação no
Congresso. O presidente criticou a atuação das polícias em áreas periféricas,
afirmando que, nesses locais, agentes atuam como “inimigos”.
'Muitas vezes, a polícia chega atirando. Por isso exigimos o
uso de câmeras nos uniformes. Isso torna o comportamento policial mais
comedido', declarou Lula.
Ele afirmou que é preciso combater práticas discriminatórias
com base na cor da pele ou no bairro em que a pessoa mora.
Por fim, o presidente voltou a mencionar as dificuldades de
governabilidade. Disse que sua gestão enfrenta uma minoria no Congresso e
precisa fazer composições com outros partidos para conseguir avançar nas pautas
prioritárias. “O presidente não faz o que quer, faz o que pode quando governa
um país”, concluiu.