Deputada democrata pede ao governo Trump explicações sobre tarifa de 50% contra o Brasil

Deputada democrata pede ao governo Trump explicações sobre tarifa de 50% contra o Brasil

leandro santos
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A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez entrou com um pedido oficial para que o governo dos Estados Unidos explique as tarifas contra produtos importados brasileiros em 50%.

A parlamentar fez o questionamento por uma proposta de emenda a um projeto de lei que visa o Orçamento da Defesa dos EUA. Esse PL ainda precisa ser aprovado.

Alexandria Ocasio-Cortez (ou AOC, como é conhecida), exigiu que o Departamento de Defesa do governo Trump detalhe, através de um relatório, as políticas e práticas brasileiras que possivelmente constituíram 'uma ameaça incomum e extraordinária' aos Estados Unidos, como foi relatado na tarifa e nas sanções ao Brasil. Ela ainda pediu que fosse feita uma avaliação completa do impacto das tarifas entre os países.

No início de agosto, sem maiores explicações, Trump afirmou que a taxa extra contra o Brasil seria uma resposta às ameaças contra a segurança nacional dos EUA. Apesar disso, ele cita o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como um dos motivos - dando indícios que seria mais política do que econômica a tarifa.

Ainda não há data para confirmação sobre se os pedidos da deputada serão respondidos.

Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil; Jim WATSON / AFP

As tarifas de 50% entraram em vigor no dia 6 de agosto contra o Brasil e também outras taxas menores contra diversos países. Apesar do alto valor brasileiro, nem todos os produtos estão na lista de cobrança. No total, foram 694 exclusões, um valor que corresponde a quase 50% do exportado para os EUA.

Mesmo assim, produtos que tem alta exportação para o mercado americano, como café e carne, estão na lista dos taxados.

Brasileiros reclamam do preço da carne nos EUA


A alta nos preços da carne nos Estados Unidos tem feito o consumidor norte-americano buscar alternativas para diminuir ao máximo o impacto no bolso.

Os números do Departamento de Estatísticas de Trabalho mostram que o preço da carne atingiu a máxima histórica, com o equivalente a quase R$ 150 por quilo, mais que o dobro do registrado há um ano, segundo os dados oficiais.


Em consequência do tarifaço aplicado pelo presidente Donald Trump e pela baixa produção norte-americana de carne bovina, o frango e o ovo têm sido os produtos escolhidos nos supermercados para substituir a carne vermelha.

Com o recuo dos Estados Unidos na compra da carne brasileira, eles agora buscam por mercados mais caros, como Austrália e Argentina, além de terem diminuído a produção interna, com o menor número de cabeças de gado em mais de 70 anos, segundo o Departamento de Agricultura.

Esse cenário leva o país a depender cada vez mais de importações para abastecer o mercado interno, afetando diretamente a conta do consumidor norte-americano.

A brasileira Julia Malva mora nos Estados Unidos há um ano e meio e afirmou que, com a alta dos preços, a alternativa do momento é recorrer ao frango para compor as refeições:

“Definitivamente, a carne vermelha aumentou bastante. O frango também, mas não tanto quanto a carne vermelha. Geralmente, antes uma bandejinha ali de 1 kg de carne moída era uns 5 dólares, 5 e pouco. Agora tá quase 7. A diferença é grande, assim, né? Porque você não compra só 1 kg de carne. Então, a única alternativa agora é o frango, basicamente.”

Nos mês passado, os Estados Unidos ocupavam o segundo lugar no ranking de importadores da carne bovina do Brasil. Mas depois do tarifaço, o país caiu para o quinto lugar. De 18 mil toneladas exportadas em julho, esse número diminuiu para pouco mais de sete mil até o dia 25 de agosto. Os dados são da Abiec, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.

Os efeitos do tarifaço sobre o setor já são sentidos pelos moradores dos Estados Unidos, mas a questão que tem dividido opiniões entre os analistas de mercado é se o preço da carne vai cair no Brasil.


O pesquisador Thiago Carvalho é responsável pela área de pecuária no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP. Ele diz que outros países já começaram a ocupar os rankings como importadores de carne bovina, o que não dá espaço para a queda do preço por aqui:

“Mesmo os Estados Unidos recuando na compra, outros países vão, obviamente, comprar mais essa carne. Os Estados Unidos vem reduzindo a produção e o mundo, ele chega com um dos menores níveis de estoque desde 2006. Então, falta a carne no mundo. Os Estados Unidos não comprando carne do Brasil, eles vão buscar carne em outros parceiros e outros países vão buscar essa brecha que os Estados Unidos deixa do Brasil para comprar carne brasileira. Então, dado que o mundo tem uma oferta restrita e há um rearranjo em termos de vendas, não tem espaço para carne bovina cair no Brasil.”

Entre os novos parceiros, em agosto, o México passou a ser o segundo maior destino da carne bovina brasileira, ultrapassando os Estados Unidos. Até então, o país ocupava o quarto lugar entre os principais compradores, atrás também da China e do Chile. Neste mês, o Brasil exportou mais de 10 mil toneladas de carne bovina ao território mexicano.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, Roberto Perosa, o México é um mercado bem recebido pelo Brasil, mas o setor de exportação nacional ainda espera por um acordo do governo com o presidente Donald Trump:


“É um mercado em franca expansão, com grande aceitação da carne bovina brasileira e que pode ser ampliado ainda mais como nova destinação face às dificuldades geopolíticas que a carne vem enfrentando junto aos Estados Unidos. Nós ainda continuamos pedindo muito ao governo que continue as tratativas com o governo americano para que a gente possa retomar o fluxo normal comercial aos Estados Unidos. Eu acho que são trabalhos em várias frentes para que a gente consiga continuar dando vazão à grande produção de carne bovina que existe no Brasil.”

O empresário destacou ainda que o governo federal tem conquistado a abertura de novos mercados, como Vietnã e Indonésia, o que tem ajudado a dar estabilidade para o setor de carne bovina no Brasil.


Enquanto isso, nos Estados Unidos, caso não haja uma renegociação quanto ao tarifaço, a expectativa é que o consumidor norte-americano continue a sofrer com os altos preços das carnes nos próximos meses.
Fonte CBN

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