O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse neste domingo (26), que a reunião dos presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Donald Trump, foi 'muito positiva' e que o saldo final é 'ótimo'.
'A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções à sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda'.
O encontro aconteceu em Kuala Lumpur, na Malásia, à margem da reunião de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, da qual os dois são convidados. A ocasião marca o primeiro encontro oficial entre os dois desde que o americano assumiu o mandato e desde a tensão iniciada pelo tarifaço contra produtos brasileiros.
Na reunião, também estavam o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante comercial Jamieson Greer.
Antes de começarem as discussões, os dois líderes falaram com a imprensa. Trump voltou a fazer sinalizações positivas sobre um acordo.
'Nós vamos fazer um acordo com o Brasil. Nós temos uma economia muito importante e muito respeito pelo senhor presidente e pelo Brasil. Vamos, é claro, deixar a nossa equipe trabalhar e vamos chegar a acordos. Devo dizer que é uma grande honra estar aqui com o senhor presidente do Brasil.
É um país incrível, é um país grande, lindo. E eu acho que eles estão indo muito bem, muito bem, pelo que eu entendi, pelo que eu sei. Acho que vamos fazer bons acordos. Nós já vimos falando, conversando e acho que temos relações, sempre temos uma boa relação. E eu acho que vai continuar assim'.
Ele também falou sobre a situação de Jair Bolsonaro. O processo judicial contra o ex-presidente foi apontado pelo governo americano como motivo para a sobretaxação, mas Trump disse que o assunto não entraria na pauta.
'Eu fico muito chateado com o que aconteceu com ele, eu gosto dele. Ele parecia ser um cara muito correto e ele está passando por algumas dificuldades'.
Já o presidente Lula voltou a manifestar otimismo com os resultados da reunião.
'Eu acredito que, primeiro, a imprensa vai ter boas notícias depois de terminar a reunião. O Brasil tem todo o interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos.
A certeza é que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, e cada um coloca o seu ponto de vista, cada um coloca os seus problemas, a tendência natural é você encaminhar para chegar a um acordo. E eu estou convencido, eu disse antes de chegar aqui, eu estava muito otimista com a possibilidade de nós avançarmos na manutenção da relação mais civilizada possível entre Brasil e Estados Unidos'.
Os dois líderes vinham se aproximando desde setembro, quando Lula e Trump se cruzaram em Nova York, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, e afirmaram ter tido uma “boa química”. No início deste mês, os dois conversaram em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países.
O lado americano tem interesse no mercado brasileiro de etanol, nas terras raras e na questão da regulamentação de big techs. Já o Brasil pleiteia a liberação do mercado de açúcar nos Estados Unidos.
Apesar do esforço de aproximação, na Ásia, Lula fez críticas indiretas a Trump. Em discurso após um encontro com o primeiro-ministro malaio, Lula criticou o Conselho de Segurança da ONU e o papel das instituições do multilateralismo em defesa da paz.
Ele disse que, para um líder, andar de cabeça erguida é mais importante que um Prêmio Nobel - honraria que era pleiteada por Trump, alegando que ajudou a encerrar guerras.
Fonte CBN