Líderes do Congresso dizem que governo deu 'tiro no pé' ao judicializar derrubada do decreto do IOF

Líderes do Congresso dizem que governo deu 'tiro no pé' ao judicializar derrubada do decreto do IOF

leandro santos
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Depois que a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou na Justiça para tentar reverter a derrubada do decreto do IOF, líderes do Congresso classificam a medida como um "tiro no pé" e estimam que uma retaliação não está descartada.

Em nota, o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco, falou em afronta "inaceitável ao Poder Legislativo e grave atentado à democracia". E afirmou que há espaço para retaliação e o Congresso saberá reagir à altura.

Uma coalização de 17 frentes parlamentares ligadas ao setor empresarial lançou uma nota criticou a decisão do governo e afirmou que o aumento do IOF encarece o crédito, além de pressionar a inflação, com consequência na redução do consumo.

O líder do PDT, Mário Heringer, afirmou que ao "esticar a corda, ela pode acabar arrebentando".

"A retaliação na política vai existir sempre, a disputa, o constrangimento para forçar algumas posições, sempre vai ocorrer, mas eu fico muito preocupado se a gente agora para de fazer o que tem que fazer. E o que nós temos que fazer é preocupar com o Brasil, parar um pouquinho com essa guerra política e transformar essa coisa numa coisa mais produtiva para o Brasil", afirmou.

Entre as respostas possíveis estão a designação de um relator da oposição à CPMI do INSS e a derrubada da MP do ajuste fiscal, que inclui a como a taxação de bancos, bets e bilionários e o fim da isenção total para LCIs e LCAs.

"Evitar o enfrentamento"

Ao anunciar a ação, o governo tomou cuidado em não atacar o Congresso. Ao invés de propor uma ação questionando a derrubada pelo Congresso, acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para declarar o decreto constitucional, o que acaba por anular a decisão do Parlamento. O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que o tempo da política vai resolver os problemas da política, mas que ele não poderia deixar de adotar as medidas jurídicas necessárias.

"Não é uma questão política, é uma questão jurídica, e a gente precisa delimitar esse campo. Se nós entendemos que um decreto que o presidente da República, ele adota, ele é constitucional e que ele em nenhum centímetro, em nenhum milímetro, ele ultrapassou o poder regulamentar, não teria uma outra saída em benefício da segurança jurídica. Eu tenho advogado que a política é o lugar mais nobre, é o espaço mais nobre para a solução de grandes conflitos, mas a inércia não era uma opção".

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi questionado sobre a relação com o presidente da Câmara, Hugo Motta. E afirmou que aguarda o retorno de uma ligação desde a semana passada.

Estou aguardando o retorno de uma ligação que eu fiz pra ele. Quando? Semana passada. Eu fiz uma ligação, estou aguardando o retorno. Tem que ficar à vontade também, né? Eu não vou... É uma pessoa que é considerada amiga do Ministério da Fazenda e sabe que tem livre trânsito comigo. Não tem nenhuma dificuldade. Da minha parte, nenhuma".

O líder do governo na Câmara, José Guimarães, tentou baixar a temperatura e afirmou que não cabe ampliar a crise. Ele afirmou que a ação para declarar o decreto do IOF não se trata de enfrentamento, e disse que o objetivo é esperar a voltar de Motta de Lisboa para tratar dos projetos prioritários para o país.

"Nós não vamos fazer nenhum movimento contra o Congresso. A nossa luta é contra a fome, a nossa luta é para que aqueles que não pagam imposto paguem, aqueles que o que pagam pouco, o que não quer, o que só negam, paga imposto. Portanto, não queremos introduzir a disputa de 2026 aqui dentro do Congresso, ainda que, mas a centralidade nossa é dialogar com os dois presidentes, especialmente com o deputado Hugo Motta, para buscarmos a concertação em torno dessas matérias".

 Fonte CBN

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